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JABA quer crescer com novos medicamentos e internacionalização

A JABA Recordati cresceu 6% no ano passado e quer continuar a crescer com o lançamento de novos medicamentos, inovadores, e com o reforço da presença em mercados internacionais, especialmente em África.
9 Março 2017, 16h20

A faturação da farmacêutica portuguesa JABA Recordati cresceu 6% no ano passado, face a 2015, a um ritmo mais de quatro vezes superior ao da economia, para 40,3 milhões de euros, num quadro marcado pela redução contínua dos preços dos medicamentos. Este crescimento é sustentado pela introdução e novos medicamentos e pela aposta em novos mercados, que serão, também, os motores para o desenvolvimento em 2017.

No ano passado, salienta-se o lançamento, em setembro, de um novo medicamento indicado para o tratamento da disfunção eréctil, que, por ser administrado através de um creme, veio revolucionar o tratamento desta condição. Para este ano, a JABA prepara-se para lançar em Portugal mais um produto inovador indicado no tratamento da disfunção sexual mais comum no homem, que afeta um em cada três homens em idade sexual ativa: a ejaculação precoce.

O novo produto, cuja venda estará condicionada a prescrição médica obrigatória, deverá estar disponível no mercado a partir de setembro, será de aplicação local, sob a forma de spray, e custará cerca de 35 euros. Lançado simultaneamente em toda a Europa, o novo fármaco será vendido em embalagens para um mês de tratamento.

Em entrevista ao Jornal Económico, Nelson Pires, diretor-geral da empresa, afirmou esperar “um ciclo de vendas muito lento para o novo produto”. “Por um lado, porque não é comparticipado, e, por outro, porque está indicado para uma condição que para a maioria da população não é vista como doença, tratável com recurso a fármacos”, explicou.

Nelson Pires falou também sobre o medicamento para a disfunção eréctil, lamentando o atraso, por parte das autoridades portuguesas, na aprovação do reembolso correspondente a 37% de comparticipação do preço do medicamento. Este atraso limitou as expectativas de vendas do produto, que ficaram aquém das projeções da empresa de 1,5 milhões de euros, caso fosse comparticipado pelo Estado.

Reforçar presença nos mercados africanos
Além dos medicamentos para as disfunções sexuais mais prevalentes no homem, a JABA prepara o lançamento de um outro, disruptivo, indicado no tratamento da esquizofrenia, que estará disponível no mercado ainda este ano e que promete alavancar as vendas da empresa.

Outro dos pilares de crescimento da empresa farmacêutica é a aposta na consolidação da presença internacional, que já é responsável por cerca de 8% da faturação da companhia.

A JABA está presente nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e Angola é principal destino das exportações da empresa e o objetivo é manter a esta posição. “[É] um mercado de que toda a gente se queixa, mas que foi onde mais crescemos em 2016, com vendas que atingiram 2,5 milhões de euros”, destaca Nelson Pires. A meta para este ano é alcançar um crescimento de 10% nos mercados dos PALOP. Mas não só: os próximos passos passam por estender a operação a novos mercados africanos, nomeadamente Mauritânia e Nigéria, sendo que neste último país, a opção vá ser, não uma operação própria, mas o licenciamento de produtos a parceiros locais.

Apesar de integrar uma multinacional, a JABA adquire os seus produtos em Portugal, depois de, em 2008, já sob controlo italiano, ter vendido a fábrica que detinha ao grupo Tecnimede. Tem como fornecedores empresa como a Generis, Azevedos, Basi, Lusomedicamenta e Medinfar. A Recordati representa cerca de 40% dos fármacos que a JABA comercializa.
A opção por adquirir em Portugal, quando poderia optar por outros mercados, muito mais competitivos do que o nacional é justificada por Nelson Pires com a manutenção da indústria e a sua qualidade.

“[Temos] a convicção de que podemos acrescentar valor, ajudando a manter uma indústria que produz de acordo com os mais elevados padrões de qualidade. Cerca de 60% do vendemos [em unidades] é produzido em Portugal”, sublinha o gestor.
Em termos globais, a filial portuguesa da Recordati, é responsável por 3,7% da faturação global da multinacional com sede em Milão, Itália, que em 2016 atingiu 1,1 mil milhões de euros.

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