A instável coligação governante que assegura o governo japonês vai perder o controlo da câmara alta, segundo avançam as sondagens à boca das urnas após as eleições de domingo, o que potencia a turbulência política que tem acompanhado a administração. Embora a votação não determine diretamente se o governo minoritário do primeiro-ministro Shigeru Ishiba continua ou não, o aumento da pressão sobre o líder do executivo é tudo o que Ishiba não precisa. Recorde-se que o governo também perdeu o controlo da câmara baixa, com mais atribuições, em outubro passado.
O Partido Liberal Democrático (PLD) de Ishiba e seu parceiro de coligação, Komeito, precisam de 50 lugares para garantir a câmara alta, com 248 assentos, numa eleição em que metade deles estava em disputa. A previsão é de que eles conquistem 32 a 51, segundo a televisão pública; mas há outras sondagens que deixam a formação bem mais longe dos objetivos, não conseguindo ir além dos 46 lugares.
As eleições de outubro para a câmara baixa resultaram no pior desempenho do PLD em 15 anos, uma votação que deixou o governo de Ishiba vulnerável a moções de desconfiança e pedidos de mudança de liderança dentro do seu próprio partido.
Falando duas horas após o fecho das urnas, Ishiba disse que aceitou “solenemente” o “resultado duro” saído das eleições de domingo, mas, segundo as agências internacionais, questionado sobre se pretendia permanecer como primeiro-ministro e líder do partido, respondeu: “isso mesmo”.
“Estamos envolvidos em negociações tarifárias extremamente críticas com os Estados Unidos… jamais devemos arruinar essas negociações. É natural dedicarmos toda a nossa energia à concretização dos nossos interesses nacionais”, disse posteriormente noutra intervenção pública – sendo certo que as negociações com a Casa Branca não serão diferentes se for Ishiba ou outro político qualquer a representar o Japão junto de Donald Trump.
O Japão, a quarta maior economia do mundo, tem o prazo final de 1 de agosto para fechar – como todos os restantes parceiros dos Estados Unidos – um acordo comercial com a administração Trump ou enfrentar tarifas punitivas no seu maior mercado de exportação.
Segundo as mesmas sondagens, o principal partido de oposição, o Partido Democrático Constitucional, deve conseguir entre 18 a 30 lugares – tendo até às eleições 22 assentos.
O partido de extrema-direita, Sanseito, criado no YouTube há alguns anos, surpreendeu com a sua campanha ‘Japoneses Primeiro’ e alertas sobre uma ‘invasão silenciosa’ de estrangeiros – que numa ilha com as caraterísticas sociais da Japão seria difícil de acontecer na realidade. A previsão é de que conquiste de 10 a 15 lugares na Câmara, bem acima dos acima do solitário deputado que assegurava a representação até agora, mas detém apenas três lugares na Câmara Baixa.
Os partidos da oposição que defendem cortes de impostos e de gastos com assistência social encontraram eco entre os eleitores, revelam os dados das sondagens à boca das urnas, se confirmados.
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