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“Há poucas áreas e empresas que não dependam de operações complexas suportadas pela Matemática”

Miguel Gonçalves, CEO da Magma Studio, aponta duas dessas áreas: desenvolvimento de software e programação. O gestor da Magma explica ainda que uma coisa são competências de programação, que “nem toda a gente precisa de ter”, obviamente, e “outra, muito diferente, são competências de gestão de informação e competências digitais”.
23 Setembro 2024, 07h30

Miguel Gonçalves, CEO da Magma Studio, empresa que trabalha com as duas faces da moeda – empresas e universitários – para atrair e fixar talentos em áreas importantes para o país, diz aso Jornal Económico que considerando a digitalização que o mundo sofreu nos últimos 20 anos e a forma como os mercados e empresas evoluíram, há poucas áreas e empresas que não dependam de algum tipo de operações complexas e sofisticadas suportadas na matemática.

O desenvolvimento de software e programação são duas dessas áreas.

“A programação não é uma disciplina homogénea e há, naturalmente, diferentes níveis de profundidade e complexidade associados à sua execução”, adianta

Um iniciante, explica Miguel Gonçalves, pode aprender a desenvolver scripts básicos ou criar pequenos programas rapidamente, mas dominar aspetos avançados, como arquitetura de sistemas, algoritmos complexos e boas práticas de desenvolvimento, requer tempo, dedicação e uma predisposição nativa para a Matemática e resolução de problemas.

Programar em Python ou OutSystems é um tipo de atividade que oferece muito menos obstáculos do que programar em C#, Node.js ou Rust, exemplifica.

“Outra dimensão muito importante na atividade e competência de um developer é a sua disponibilidade para aprender e ser autodidata”, salienta CEO da Magma Studio. Assim, uma pessoa que precise de aprender acompanhado e não goste de pesquisar autonomamente informação, verá que o seu espaço de crescimento nesta função é muito limitado.

Segundo Miguel Gonçalves, importa também entender que uma coisa são competências de programação, que “nem toda a gente precisa de ter”, obviamente, e “outra, muito diferente, são competências de gestão de informação e competências digitais”. Justifica: “Aqui, independentemente da função que um profissional venha a desempenhar, sobretudo se trabalhar na indústria dos serviços, podemos assumir, com segurança, que o crescimento da sua carreira está intimamente ligado às suas competências a este nível: quanto mais desenvolvidas, mais produtivo e valioso será o profissional”. Portanto, é programador quem quer e, quem pode.

A trajetória descendente a Matemática dos alunos portugueses no relatório internacional PISA e a falta de professores de Matemática no secundário podem comprometer o crescimento da área da programação? – perguntamos.

Miguel Gonçalves admite que sim e aponta as consequências: “A falta de professores em qualquer área de ensino irá comprometer, naturalmente, a formação dos jovens e, consequentemente, vários setores da economia. A matemática não é exceção”.

A edição de 2023 do relatório internacional PISA, reflete uma trajetória descendente da performance dos alunos portugueses na matemática, face a 2018. Apesar de esta ser a primeira avaliação internacional ao desempenho dos alunos após a pandemia, um período que influenciou a qualidade do ensino a nível global devido ao confinamento, ao ensino à distância, e ainda à alienação que os jovens sentiram na sua relação com a escola, Miguel Gonçalves considera os dados preocupantes.

“A escola deve continuar a fazer o seu caminho de adaptação e de levar o ensino ao encontro do mundo. Se este depende cada vez mais de matemática, a escola deve acompanhar. Pode não parecer, mas o mundo está a mudar de forma significativa desde o lançamento de aplicações como o Chat GPT, do Gemini ou do Grok, que estão a impactar dramaticamente não apenas as comunidades que desenvolvem tecnologia como também a própria tecnologia que está a ser desenvolvida. O advento da inteligência artificial coloca-nos novamente num momento tão paradigmático como, se calhar 1998/2002, em que a internet se tornou ubíqua e, apesar de não alterar profundamente o nosso modo de viver, mudou radicalmente a forma como comunicamos, nos relacionamos e, sobretudo, como trabalhamos e fazemos negócios”.

Por tudo isto, considera o CEO da Magma Studio, são precisas em Portugal “mais iniciativas e projetos que, de forma eficaz, levem a Matemática e as competências digitais aos jovens e lhes apresentem o real alcance das oportunidades de carreira que lhe estão associadas”. Para já no dia 12 de outubro chega uma e tem a sua mão por detrás. A “maior aula de programação do mundo” é um projeto, idealizado pela Magma Studio e pelo Instituto Superior Técnico, com o apoio da Unicorn Factory Lisboa e da Câmara Municipal de Lisboa. Realiza-se no Técnico Innovation Center powered by Fidelidade e vai envolver 1.600 alunos. Tem honras de Guinness World Records.

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