A inflação na zona euro subiu ligeiramente em novembro, fruto sobretudo da dinâmica nos preços da energia, uma evolução que acaba por ajudar o Banco Central Europeu (BCE) na última reunião do ano, quando se espera largamente que as taxas diretoras se mantenham inalteradas. Este cenário fica em linha com a projeção da OCDE que os cortes de juros nas economias mais desenvolvidas acabem em 2026, sendo que para a zona euro a organização não antecipa mais nenhuma redução.
O indicador homólogo de preços no bloco da moeda única subiu marginalmente em relação a outubro, passando de 2,1% para 2,2%, embora com a inflação subjacente estável em 2,4%. A subida da inflação deveu-se sobretudo a um contributo menos negativo da componente energética, enquanto o subindicador associado aos serviços também saltou 0,1 pontos percentuais (pp), de 3,4% para 3,5%.
A economia da zona euro continua a fraquejar, apesar de conseguir evitar a recessão, registando também um abrandamento do crescimento salarial (que chegou a ser a componente mais em foco pelo BCE, dado o risco de aprofundamento da dinâmica inflacionista com efeitos de segunda ordem) e preços de importação em trajetória de queda, destaca a análise do banco ING.
Ainda assim, os inquéritos às empresas e indicadores de prospecção apontam para um provável aumento dos preços nos próximos meses, o que dá mais força à visão dominante do mercado que o banco central não irá cortar taxas na última reunião deste ano.
“A nossa expectativa é que a inflação possa cair abaixo do objetivo nos próximos meses, mas no médio prazo parece haver forças inflacionárias suficientes para evitar uma viragem do BCE para um ‘modo pomba’”, escrevem os analistas do banco neerlandês.
Esta visão coincide com a da OCDE, que projetou no seu mais recente relatório sobre a economia global que os principais bancos centrais terminem este ano ou no próximo o atual ciclo de normalização monetária. No caso europeu, juntamente com o canadiano, a organização sediada em Paris não antecipa mais descidas de taxas, um cenário ligeiramente distinto do esperado nos EUA ou Reino Unido.
Para a maior economia do mundo, a OCDE projeta mais dois cortes de juros até final do ano, o que significaria uma taxa terminal entre 3,25% e 3,5%. Recorde-se que nos EUA as pressões inflacionistas foram mais duradouras do que na Europa, fruto de um mercado laboral forte (que começa, entretanto, a dar sinais de enfraquecimento) e de uma política tarifária como há largas décadas não se via.
Para o Banco de Inglaterra (BoE), a expectativa é que as descidas de juros “terminem na primeira metade de 2026” – um panorama semelhante ao esperado para a Austrália.
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