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“Em Portugal, a adoção [de criptomoedas] está a acontecer, claramente, e muito para minha surpresa, Portugal é até um hub bastante grande de empresas Web3 e de cripto”. Quem o diz é Pedro Febrero, economista, investidor, empreendedor, consultor, professor e, especialmente, evangelista de blockchain e criptomoedas.
“Há imensa inovação a acontecer em Portugal, também bastante promovida pelas iniciativas de inovação do Governo”, aponta. “Há imensas empresas a vir para Portugal, imensos estrangeiros que trouxeram empresas de criptomoedas. Claramente que nós somos um hub de inovação do Web3”, acrescenta.
Para o atual vice-presidente na Real Fevr, empresa de desenvolvimento de jogos em Web3, baseado em Londres, Portugal está no caminho certo para rapidamente adotar uma tecnologia que está a mudar a forma como negociamos e promete transformar, por exemplo, a contratação.
“Se me dissessem há cinco anos atrás eu diria que não ia acontecer. Nós temos bom tempo, uma boa comida, mas não achava que eles vinham para cá só por causa disso, mas houve os incentivos certos. Portanto, acho que a adoção portuguesa vai ser mais rápida do que eu esperava”, afirma. “Porque há tantas empresas e tanto negócio que as pessoas já começam a ficar mais confortáveis, principalmente as mais jovens, a ouvi falar de Web3 e cripto, a investir e comprar e a ter”.
Em entrevista ao Jornal Económico (JE), Febrero, que trabalha com estas tecnologias há cerca de uma década, considera que o processo ainda está na sua infância, mas em desenvolvimento.
Olhando para as criptomoedas, nota-se que a adoção pelo sistema financeiro é já significativa, ainda que não seja plena. “A banca até tem grande benefício em utilizar estas criptomoedas, como temos visto acontecer. Com a entrada dos ETF eles já podem muito mais facilmente oferecer esse tipo de ativos aos seus clientes.
Acho que na banca, agora, vai começar a existir uma grande adoção”, sustenta.
Saindo do mundo financeiro, a conversa é outra. “Na parte mais do mundo real, de ativos mais físicos, a adoção é bastante mais lenta. Tem mais a ver, se calhar, com a necessidade de entrar outro tipo de participantes que são mais estatais, mais governamentais. Portanto, é normal que isso demore sempre um pouco mais até essa tecnologia começar a ser adotada por essas instituições, e ainda bem, porque isto é uma tecnologia super recente, a nascer, e obviamente que há muitos problemas que vão surgir e que ainda vão ter de ser resolvidos”, explica.
“É normal que também exista essa adoção com mais cuidado por parte das instituições também mais públicas, digamos assim, mas eu acho que um dia vamos lá chegar”, diz.
Ao JE, compara o ponto de desenvolvimento das criptomoedas e das tecnologias relacionadas com o caminho feito pela internet.
“No início da internet, muitas empresas e muitas organizações maiores construíram muito intranets, ou seja, redes próprias dentro das instituições, porque não acreditavam que fosse possível as pessoas e as empresas quererem partilhar a informação publicamente e, portanto, apostaram mais na construção de intranets. Mas o que é que aconteceu? A história provou que foi exatamente o oposto, ou seja, a internet, que é a internet de todos, é onde está toda a gente”, conta. “Acho que com esta tecnologia vai ser um pouco igual e já tem sido um pouco igual a esse caminho, que é, primeiro, as corporações quiseram testar internamento com produtos, mas devagarinho estão a começar a perceber o valor desta internet do dinheiro, que no fundo é a Bitcoin e também é o Ethereum, e outras, obviamente”, defende.
“Ao verem o valor destas redes, eu acho que vão começar a construir sobre elas, em vez de tentar fazer cópias delas para si mesmos, para os seus colaboradores e parceiros”, sublinha.
Com diferentes criptomoedas e tecnologias que as suportam, a questão passa também por conhecer as diferenças, de saber que uma maior descentralização resulta numa maior segurança, mas num sistema mais caro, enquanto uma maior centralização oferece maior rapidez e custa menos, de conseguir comparar a oferta.
“Claramente há um problema de literacia financeira em Portugal, mas eu não acho que é só de cripto, é no geral”, afirma Pedro Febrero. “Quando nós começamos a estar mais à vontade com isto, o mindset altera-se um bocadinho”. E defende que o futuro se constrói por aqui.
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