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Jerónimo de Sousa: “Não estamos aqui a prazo datado nem em período experimental”

Secretário-geral reeleito afastou cenário de mandato de transição num discurso de 15 minutos que encerrou o XXI Congresso do PCP. E em que não se esqueceu de dizer, entre uma “farpa” ao Bloco de Esquerda, que nenhuma política alternativa “será possível sem o PCP”.
  • Flickr/Festa do Avante
29 Novembro 2020, 12h35

Jerónimo de Sousa encerrou o XXI Congresso do PCP, no qual foi reeleito secretário-geral do partido, cargo que ocupa desde 2004, com um discurso em que deixou um sinal de que o mandato não se destina apenas a preparar a transição para um sucessor. “Não estamos aqui a prazo datado nem em período experimental, mas disponíveis para tudo aquilo que temos de fazer”, disse o líder comunista aos congressistas reunidos no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, que recebeu os trabalhos desde sexta-feira.

Num discurso bastante sucinto, de perto de 15 minutos, Jerónimo de Sousa destacou o papel do grupo parlamentar comunista num Orçamento do Estado para 2021 que “ficou curto” por responsabilidade do PS, mas em que todos os pontos positivos “têm marca e contribuição das propostas do PCP”. E fez questão de deixar uma “farpa” ao Bloco de Esquerda, que se juntou à direita no voto contra o documento, assinalando que “alguns desistiram e passaram ao lado dos problemas”.

“A alternativa política não é possível só com o PCP, mas também não será possível sem o PCP”, disse Jerónimo de Sousa, considerando o partido “necessário e indispensável para construir um futuro de progresso e de desenvolvimento”.

Prioridades para reverter “uma realidade que não se combate com estados de emergência excessivos e inconsequentes” serão, no seu entender, “medidas de emergência social” para contrariar o aumento do desemprego e da pobreza em Portugal, destinadas a travar a destruição de setores económicos e assegurar condições de vida a trabalhadores e microempresários, o reforço dos serviços públicos, nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública, a coesão e desenvolvimento de todo o território nacional e a afirmação da soberania nacional em relação à União Europeia.

A parte final do discurso foi dedicada às “batalhas seguintes”, sem que o líder reeleito se centrasse nas ainda distantes eleições autárquicas, que devem ocorrer em setembro ou outubro de 2021, e nas quais os comunistas procuram travar ou reverter o retrocesso de 2017, quando perderam a presidência de municípios como Almada, Barreiro e Beja. Pelo contrário, Jerónimo de Sousa referiu-se diretamente à candidatura presidencial do eurodeputado João Ferreira, apresentando-a como capaz de “trazer à luta os trabalhadores flagelados nos seus salários e nos seus direitos”.

Em defesa do Congresso

Também não foram esquecidas no discurso de encerramento as críticas à realização do XXI Congresso do PCP numa altura em que a pandemia de Covid-19 conduziu à implementação de novas medidas restritivas. Afirmando que “os direitos defendem-se exercendo-se”, o líder comunista insurgiu-se contra “as forças reacionárias” que disse serem apoiadas por órgãos de comunicação social na tentativa de impedir as celebrações do 25 de Abril e do 1 de Maio, bem como da Festa do Avante, “aproveitando a situação epidémica e o receio natural face à evolução da doença”.

“Se há ensinamento a retirar do Congresso do PCP é que não há existe uma dificuldade intransponível para garantir a segurança sanitária e o exercício dos direitos”, disse, exaltando “um congresso diferente, levantado e construído por homens e mulheres livres, que fizeram uma opção pela liberdade e pela democracia”.

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