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Jerónimo Martins avança com novos projetos de aquacultura no mar

“Já fomos licenciados e vamos ter produção de aquacultura na costa do Algarve, na costa Leste de Marrocos, na Madeira e vamos continuar com a produção que temos no Alentejo”, revelou o CEO do Grupo Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos ao Jornal Económico, durante a videoconferência realizada esta quinta-feira, 4 de março, para divulgação dos resultados de 2020.
  • Foto: Cristina Bernardo
4 Março 2021, 14h20

O Grupo Jerónimo Martins vai avançar com vários projetos de aquacultura na costa portuguesa e em Marrocos. “Quanto ao projeto de Vila Real de Santo António, ainda não vou dar todos os números”, referiu esta quinta-feira, em videoconferência, o CEO do Grupo JM, Pedro Soares dos Santos, explicando ao Jornal Económico que “nós já fomos licenciados e vamos ter produção de aquacultura na costa do Algarve, na costa Leste de Marrocos, na Madeira e vamos continuar com a produção que temos no Alentejo”.

“Se nos forem atribuídas mais licenças, avançaremos com o projeto de produção de salmão na zona de Aveiro, que é um projeto no qual continuamos a trabalhar”, referiu ainda Pedro Soares dos Santos, adiantando que a costa algarvia e a alentejana, a Madeira e Marrocos “são basicamente as áreas escolhidas para desenvolver esta produção”.

Quanto às espécies de pescado que serão produzidas, citou “o robalo, a corvina e a dourada, que é o grande consumo que existe no nosso mercado. Nos restantes peixes comercializados, entendemos que há boa produção em Portugal, portanto não há necessidade de entrarmos com a aquacultura nessas espécies”, esclareceu Pedro Soares dos Santos.

Recentemente, a subsidiária Jerónimo Martins – Agro-Alimentar (JMA), adquiriu 66,68% do capital social da sociedade marroquina “Mediterranean Aquafarm”, dando “corpo a uma parceria em Marrocos que permitirá à JMA continuar a desenvolver a sua rede de aquacultura para produção, em jaulas colocadas em alto mar, de robalo, dourada e corvina, num país com condições costeiras excecionais que garantem elevada qualidade, e que, pela proximidade a Portugal, assegura também a total frescura do pescado”, segundo informou o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos.

A aquisição de 66,68% da Mediterranean Aquafarm, feita por um valor que a empresa considera reduzido, “é mais um passo na estratégia agroalimentar” do grupo que controla a cadeia de lojas Pingo Doce. A JMA é liderada pelo antigo ministro da Agricultura, António Serrano, e já conta com explorações de aquacultura em Sines, na ilha da Madeira e em Alicante (em Espanha) para produção de dourada e robalo. Em dezembro de 2017, a unidade de Sines iniciou o fornecimento de robalo às lojas do Grupo JM em Portugal. Trata-se de uma produção realizada em mar (e não em tanques) e permitindo que os peixes se desenvolvam no seu habitat natural.

Em 2019, a JMA estabeleceu um protocolo de cooperação com a Universidade de Évora para o desenvolvimento de atividades de investigação e apoio ao ensino nas três áreas de operação, onde se integra o projeto “Best Farmer” (que incorpora estagiários da Universidade de Évora) para desenvolver ensaios e projetos de investigação em áreas como o bem-estar animal, a nutrição ou a eficiência no uso da água e da energia em produção agrícola, o projeto “Terra Alegre”, destinado a fomentar a investigação para o lançamento de produtos lácteos inovadores no mercado, e ainda o projeto “Seaculture” que visa ceder a utilização de espaços, equipamentos e materiais do Laboratório de Ciências do Mar, instalado em Sines, para apoiar a realização de análises patológicas a peixes e o desenvolvimento de investigação sobre a preservação de ambientes naturais e artificiais.

O Grupo JM “assumiu o compromisso de comercializar apenas espécies cuja captura ou produção não provoque sobre-exploração das mesmas”, adianta. “É por isso que, a cada três anos, é avaliado o grau de vulnerabilidade das espécies de pescado vendidas em todas as nossas companhias”, explica o Grupo JM. “Em 2019, introduzimos novas referências de pescado de ‘Marca Própria’ com a certificação de sustentabilidade ‘Marine Stewardship Council’ (MSC), tendo atingindo as 24 referências na Polónia”, reconhecendo que “a pesca sustentável é importante para garantir o equilíbrio dos oceanos” e esclarecendo ainda que “os dados referentes à informação sobre a conformidade com a ‘Política de Pescado Sustentável’ do Grupo JM foram verificados por uma entidade externa e independente”, conclui o Grupo JM.

Os resultados líquidos do Grupo Jerónimo Martins em 2020 – excluída a aplicação das normas da IFRS16 – atingiram 361 milhões de euros, ficando 16,6% abaixo do ano anterior, informa um comunicado do grupo enviado à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM). Com a IFRS16, os resultados líquidos cifraram-se em 312 milhões de euros, 19,9% abaixo de 2019, adianta o mesmo comunicado, referindo que “o EPS é de 0,50 euros por ação. Excluindo Outras Perdas e Ganhos (não usuais), o EPS foi de 0,55 euros, 12,6% abaixo do ano anterior”, esclarece o comunicado.

As vendas consolidadas da Jerónimo Martins cresceram 3,5% para 19,3 mil milhões de euros (mais 6,7% a taxas de câmbio constantes) com um like for like (LfL) de 3,5% – o LfL é o indicador do sector que compara o mesmo parque de lojas em operação durante períodos distintos, retirando da análise os encerramentos e as aberturas de novas unidades. No quatro trimestre, as vendas cresceram 2,4% para 5,1 mil milhões de euros (mais 6,8% a taxas de câmbio constantes), informa a JM no comunicado enviado à CMVM.

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