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João Moura: “Sem água, não há agricultura e o país sem agricultura é garantidamente mais fraco”

O secretário de Estado da Agricultura revelou, no sexto Colóquio Hortofrutícola, em Odemira, que o Governo está comprometido em “simplificar os processos para que comecem a avançar os projetos no terreno”. Gonçalo Santos Andrade, vice-presidente da CAP, acha que o Executivo “precisa de começar a construir as reservas de água necessárias”.
21 Julho 2024, 12h30

Em São Teotónio, no coração do concelho de Odemira, Miguel Miranda, antigo presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, diz preto no branco: “Estamos numa situação de agravamento (…) Não vamos ter água precipitada suficiente para as aplicações que fazemos dela”. 

Numa intervenção, subordinada ao tema “A água que alimenta”, no colóquio Hortofrutícola, promovido pela Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, do que o Jornal Económico foi media partner, Miguel Miranda faz soar campainhas: “É preciso uma ação coordenada, musculada, mais intensa porque a situação do lado da meteorologia é má”.

Prossegue: “A aceleração do aquecimento não tem mostrado qualquer tendência de redução, pelo contrário. Temos que preparar soluções em que as dificuldades vão ser maiores.”

O 6.º colóquio Hortofrutícola enquadra-se no programa “Visão Estratégica para o Agroalimentar – Conhecer para Decidir, Planear para Agir”, que tem como objetivo refletir e produzir conhecimento para um sector agroalimentar mais sustentável, inovador e competitivo.

Gonçalo Santos Andrade, vice-presidente da CAP – Agricultores de Portugal, afirma na sessão de encerramento que “a CAP acredita no enorme potencial desta região do país e principalmente na enorme capacidade dos nossos agricultores que mantêm aqui a sua atividade” e salienta as condições de excelência da região para a produção.

 Na suas palavras, “o Governo precisa de começar a construir as reservas de água necessárias e modernizar as existentes com o programa “Água que Une” e a rede de interligação de água no país”. E o Aproveitamento Hidroagrícola do Mira (AHM), vulgarmente denominado Perímetro de Rega do Mira tem de fazer parte deste projeto e há que assegurar a execução das obras previstas e com financiamento aprovado.

“Temos que ser ambiciosos e aproveitar o potencial de área do AHM para contribuirmos cada vez mais para a economia nacional e para a criação de postos de trabalho”, declara.

João Moura, secretário de Estado da Agricultura, ouve. Sobe ao palanque e começa por sinalizar que “a Lusomorango é um exemplo de exportação e que desta região (Odemira) saem os melhores produtos deste sector”.

Mesmo a encerrar, afirma: “A água é um recurso crítico e sem água, não há agricultura e o país sem agricultura é garantidamente mais fraco. Importa valorizar e reposicionar a agricultura com importância que merece e implementar uma estratégia nacional que resolva as condicionantes hídricas”.

Para que este crescimento aconteça, João Moura revela o comprometimento do Governo de “simplificar os processos para que comecem a avançar os projetos no terreno”.

O colóquio decorreu na  Sociedade Recreativa São Teotonense, no coração do concelho de Odemira e juntou representantes da esfera política e autárquica, empresarial e académica. Empresas e autarquia defenderam novas fontes de água para Odemira. Especialistas e gestores da administração pública deixaram claro que não há uma solução única e perfeita para a falta de água, há várias soluções.

Ricardo Reis, professor da Universidade Católica Portuguesa, e Vasco Malta, chefe de missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) Portugal, traçaram o retrato do que seria uma Odemira sem água.

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