João Ortigão Costa: rei do tomate concentrado é Guloso

A ambição de João Ortigão Costa é relativamente simples e, contas feitas ao sabor, podemos dizer que estará a um passo de lá chegar, mas também dependerá das papilas gustativas de cada um.

O empresário surge na lista anual da Forbes Portugal que analisa as maiores fortunas de Portugal, aparecendo na 47ª posição. A sua fortuna de 325 milhões de euros é conseguida através do grupo Sugal, o seu maior ativo.

Terminou o curso de Gestão Hoteleira no Instituto Glion de Ensino Superior, na Suíça, e posteriormente trabalhou na cadeia de hotéis Tivoli. Em 1995, voltou para a Suíça para realizar uma pós-graduação em gestão na Faculdade dos Altos Estudos Comerciais, na Universidade de Lausanne, que terminou em 1997.

A Sugal Group foi fundada em 1957 por Luís Ortigão Costa, pai de seis filhos, entre os quais João Ortigão Costa, na Azambuja, servindo para escoamento dos produtos agrícolas da região e criar emprego numa região afetada pelo êxodo para as grandes cidades. Ao longo dos anos, a empresa criada pelas mãos de um médico veterinário e ganadeiro ganhou a fama de maior empresa nacional de concentrado de tomate e é hoje uma das maiores produtoras a nível mundial.

O empresário Luís Ortigão Costa viria a falecer em 2010, com os vários negócios deixados aos herdeiros. Criou também a Coudelaria Ortigão Costa, comprou uma ganadaria em Espanha e tornou-se uma referência na tauromaquia na Península Ibérica, tanto que a praça de toiros da Azambuja foi apelidada em seu nome.

Na edição de 2023 dos milionários portugueses, a família Ortigão Costa encontrava-se no 26º lugar do ranking, com um património de 494 milhões de euros, mas desde aí aconteceu uma mudança que alterou o rumo empresarial. Na altura os administradores da Sogepoc, holding agroalimentar fundadora da Sugal, estavam juntos, mas João Ortigão Costa decidiu comprar a Sugal aos irmãos.

Já aquando do negócio, em outubro de 2023, a Sugal somava cinco fábricas em 60 anos de existência: Azambuja e Benavente, em Portugal; Sevilha, em Espanha; Tilcoco e Talca, no Chile. Contabilizava um volume de negócios superior a 500 milhões de euros e perspetivava-se um resultado operacional de 100 milhões de euros.

Então, o que tem a Sugal? Só a fábrica da Azambuja possui uma capacidade instalada para receber e transformar quatro mil toneladas de tomate por dia. Em quê? A resposta é simples: Guloso. A marca de polpa e concentrado de tomate e mesmo ketchup é portuguesa.

Cerca de 90% da produção da Sugal nos três mercados onde está presente destina-se à exportação para mercados internacionais, tendo capacidade para produzir dois milhões de toneladas de tomate fresco. Uma das vantagens da Sugal é ter produção própria, o que faz com que aproveite das diferenças temporais dos dois hemisférios.

Mesmo tendo chegado contrariado ao negócio de família quando decorria o ano de 1997, João Ortigão Costa assumiu as rédeas da empresa e converteu-se aos encantos do tomate fresco e das infinitas possibilidades que este permite – afinal, é do tomate que obtemos o molho para pizza.

Quando chegou à presidência da empresa, a Sugal faturava perto de 15 milhões de euros e João Ortigão Costa, com uma forte equipa ao seu lado, conseguiu colocar a companhia produtora de tomate a prosperar para os negócios.

Uma reportagem da Marketeer sustenta que o tomate fresco da Sugal chega a mais de 70 mercados, se posiciona como líder no Japão e forte referência na Europa. Entre os seus maiores clientes estão nomes como Heinz, McDonald’s, PepsiCo, Dr. Oetker e Panzini.

Mas não é só a Sugal que vive do negócio agroalimentar. Isto porque a holding familiar onde se inseria anteriormente é um dos maiores players na Europa no que refere os frutos secos, nomeadamente nozes e amêndoas através da Nogam, laticínios, arroz e cogumelos frescos.