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Jogos Olímpicos: 11 atletas a seguir no atletismo

As provas de atletismo começam a 30 de julho, e contemplam 24 eventos para os homens e 23 eventos para as mulheres.
24 Julho 2021, 10h30

O atletismo deve reinar (mais uma vez) supremo em plenos Jogos Olímpicos. O ambiente deverá ser bizarro, face à ausência de público, mas isso não deve ser um fator impeditivo para performances de excelência na modalidade. Estes serão 10 atletas que pode seguir, a partir de 30 de julho, e que podem adicionar grande brilho à competição no Japão.

Ryan Crouser

O lançamento do peso será um dos eventos a acompanhar quando o atletismo entrar em ação nos Jogos Olímpicos.

E o motivo é Ryan Crouser.

O lançador norte-americano vem navegando em maré alta, e traz como cartão de visita um recorde mundial, alcançado no mítico e renovado Hayward Field, aquando dos campeonatos nacionais norte-americanos.

Quando à disciplina do lançamento do peso os Estados Unidos têm motivos para sorrir não só por terem Ryan Crouser nas suas fileiras, mas por levarem Joe Kovacs, mais outro candidato ao pódio.

Esta temporada Ryan Crouser já lançou 23.37 metros, Joe Kovacs (22.72). Na lista mundial segue-se mais outro norte-americano, que não estará em Tóquio, Darrell Hill (22.34), o neo-zelandês Tomas Walsh (22.22), e o polaco Michal Haratyk (22.17).

Jamaica/Shelly-Ann Fraser Pryce

Os Jogos Olímpicos devem marcar a afirmação da Jamaica nos 100 metros femininos, onde se espera um confronto de titãs. A delegação dos Estados Unidos pode entrar na luta mas as respetivas atletas terão que se superar se quiserem parar a glória jamaicana.

Já nos 200 metros a luta entre Jamaica e Estados Unidos deve ser mais equilibrada, e é de esperar um novo confronto de titãs.

Do lado da Jamaica a joia da coroa é Shelly-Ann Fraser-Pryce, a condecorada velocista, que já conquistou títulos mundiais e olímpicos, o que faz dela uma autêntica lenda do atletismo, e que pode ter em Tóquio mais um dos seus momentos de glória.

Mas Shelly-Ann Fraser-Pryce vem acompanhada de Elaine Thompson-Herah e Shericka Jackson.

Os Estados Unidos entram nos 100 metros com o fantasma de Sha’Carri Richardson, que seria uma das principais favoritas ao triunfo, mas que acabou por não viajar para Tóquio, devido a um controlo positivo, causado por marijuana, registado nos campeonatos nacionais norte-americanos, uma prova que tinha vencido e por consequência garantindo o bilhete para Tóquio.

Mas a festa durou pouco tempo, e o controlo positivo de marijuana, para além de ter anulado o título norte-americano ainda lhe valeu um mês de suspensão, umas aulas de aconselhamento, e a ausência de Tóquio.

Para se ter ideia do que se pode ver nos 100 metros, em Tóquio, Shelly-Ann Fraser-Pryce Elaine Thompson-Herah e Shericka Jackson, já correram, esta temporada, a distância, em 10.63, 10.71, 10.77. Já Javianne Oliver, Teahna Daniels, e Jenna Prandini, programadas para representar os Estados Unidos da América já correram em 10.96, 11.02, 11.11.

Para se ter uma ideia Sha’Carri Richardson já correu esta temporada a distância em 10.72.

Nos 100 metros podem aparecer como wild cards Marie-Josée Ta Lou (10.86), Blessing Okagbare (10.89), e Dina Asher-Smith (10.91).

Já nos 200 metros as esperanças da Jamaica devem residir em Shelly-Ann Fraser-Pryce, Elaine Thompson-Herah e Shericka Jackson, enquanto que os Estados Unidos trazem para a batalha Gabby Thomas, Jenna Prandini, Anavia Battle.

Em termos de registos temporais da parte dos Estados Unidos, temos Gabby Thomas (21.61), Jenna Prandini (21.89), Anavia Battle (21.95), e da Jamaica, temos Shelly-Ann Fraser-Pryce (21.79), de Elaine Thompson-Herah (22.02) e Shericka Jackson (21.82).

Nos 200 metros podem aparecer como cartas fora do baralho a britânica Dina Asher-Smith (22.06) e a atleta das Bahamas, Shaunae Miller-Uibo (22.03), caso decidam correr a distância.

Karsten Warholm

Esta será mais uma das esperanças para Tóquio no atletismo. O norueguês vem fresco de um recorde mundial nos 400 metros barreiras, de 46.70, no Bislett Stadium, na Noruega. Esta performance pode ser uma catapulta para Warholm utilizar o palco dos Jogos Olímpicos para expressar mais um grito viking em pleno Japão.

Mas Warholm terá concorrência à altura. Trata-se do norte-americano Rai Benjamin que não está longe dos registos do norueguês.

Era esperado um confronto entre Warholm e Benjamin, na Diamond League, o principal circuito mundial do atletismo, que acabou por não se concretizar, mas em Tóquio Warholm e Benjamin devem mesmo entrar em rota de colisão.

Quem vencerá, e a marca que será necessária para alcançar o triunfo, torna este um dos eventos a seguir no atletismo.

Sydney McLaughlin

Continuando nas barreiras Sydney McLaughlin pode ser um dos grandes destaques dos Jogos Olímpicos. Irá estar pelo menos nos 400 metros barreiras, trazendo como cartão de visita um recorde do mundo, alcançado nos campeonatos nacionais norte-americanos, sendo a primeira atleta na disciplina a baixar dos 52.00, quando correu, no Hayward Field, em 51.90.

Mas tal como acontece nos 400 metros barreiras masculinos, no lado feminino Sydney McLaughlin conta com concorrência que lhe pode ofuscar um pouco o brilho, embora tenha um maior grau de favoritismo quando comparado com Warholm.

Mas mesmo com esse grau de favoritismo McLaughlin não se pode desleixar. Isto porque pode enfrentar concorrência extrema de Femke Bol, atleta holandesa, que já correu a distância em 52.37, a 4ª melhor de todos os tempos.

Na lista mundial segue-se Shamier Little, e que possui a 5ª melhor marca de todos os tempos (52.39), alcançada na mesma prova que Femke Bol, mas que não estará presente em Tóquio, por não se ter qualificado nos campeonatos norte-americanos.

Mesmo com a ausência de Shamier Little, McLaughlin terá que enfrentar a norte-americana Dalilah Muhammad, que tem condições para tornar a tarefa olímpica de McLaughlin mais difícil.

Esta temporada Dalilah Muhammad já correu a distância em 52.42.

Os confrontos entre Sydney McLaughlin e Dalilah Muhammad têm sido míticos. Estas atletas já foram protagonistas de outro confronto de alto nível. Foi no Campeonato do Mundo de 2019. Nessa corrida Dalilah Muhammad, tornou-se campeã do mundo, bateu o recorde mundial, e McLaughlin ficou em segundo lugar, tendo corrido também abaixo do recorde do mundo.

Nesse campeonato Dalilah Muhammad e McLaughlin viriam a unir esforços na estafeta 4×400 metros dos Estados Unidos que se veio a sagrar campeã do mundo, tendo sido acompanhadas por Phyllis Francis e Wadeline Jonathas.

Jakob Ingebrigtsen

O ‘puto maravilha’ da Noruega, com 20 anos, poderá bem ser um dos destaques depois de finalizados os Jogos Olímpicos. Aparece aqui à procura de glória no Japão depois dos sinais positivos deixados no Campeonato do Mundo de 2019.

Na temporada possui a terceira melhor marca mundial nos 1.500 metros, colocando a esperança do pódio bem presente, embora se saiba que a componente táctica do meio-fundo possa alterar estes planos por completo. Contudo Ingebrigtsen poderá ser um fator de relevo nesta distância.

O norueguês é uma esperança europeia, de pódio no Japão, também nos 5.000 metros, onde possui a melhor marca mundial do ano. Isso por si só não será suficiente para o pódio, face à componente táctica da corrida, mas poderá ser um indício de alguém capaz de se intrometer entre os atletas que vão representar o continente africano.

Se recuarmos a 2019, Jakob Ingebrigtsen já deu um ar da sua graça, e da suas capacidades, ao ter alcançado um quatro lugar nos 1500 metros, e o quinto lugar nos 5.000 metros, nos Campeonatos do Mundo.

O quinto lugar não diz tudo daquilo que foi a prestação de Jakob Ingebrigtsen nesses 5.000 metros no Campeonato do Mundo. Por momentos, naquela última volta, ao som do sino, o norueguês deixou uma pequena esperança de alguém que pode pode as capacidades para colocar a europa em destaque no fundo, numa disciplina onde o continente africano costuma mandar.

Jakob Ingebrigtsen deve entrar em Tóquio com a pressão do mundo, e pode até sair de mãos a abanar, mas mesmo assim deverá ser alguém a seguir.

Se Jakob Ingebrigtsen terá em Tóquio mais um momento de afirmação será uma das perguntas que serão reveladas em plenos Jogos Olímpicos.

Yulimar Rojas

O triplo salto feminino é outra das provas a acompanhar em Tóquio.

O motivo principal é Yulimar Rojas.

De Yulimar Rojas já se espera quase tudo. É claramente a grande favorita à vitória no triplo salto, onde se espera que navegue em solitário.

Resta saber qual o resultado que irá alcançar, se ultrapasse mais uma vez por longa margem os 15 metros, território que só ela conhece esta temporada. E quem sabe se um recorde do mundo não pode estar nos seus planos.

Armand Duplantis

O sueco do salto com vara costuma significar espetáculo sempre que entra em prova. Ou pelo menos essa é a expetativa. Já sabemos que está mais do que habituado a altos voos, mas em Tóquio tem a chance de se assumir como o rei supremo da disciplina, para quem possa ter dúvidas nesse particular.

Armand Duplantis sabe voar alto, e nos Jogos Olímpicos pode ter à sua espera mais um salto acima dos seis metros, uma fasquia que pode não ser suficiente para celebrar um possível triunfo.

Isto porque terá que enfrentar Renaud Lavillenie e Sam Kendricks, autênticos magos do salto com vara, que tal como Duplantis, podem colocar a pista de Tóquio num completo estado de delírio, mesmo que sem público, perante a excelência destes atletas.

Só a presença de Duplantis, Lavillenie (4ª de todos os tempos igualado com Maksim Tarasov e Dmitriy Markov), e Kendricks (o 3º de todos os tempos), é mais que motivo suficiente para seguir o salto com vara. São autênticas lendas da disciplina que por algum motivo decidiram conviver e partilhar o mesmo espaço.

Se Duplantis, Lavillenie e Kendricks chegarem a Tóquio, e fizerem das suas, este confronto tem todos os ingredientes e mais alguns para ser mágico, apesar de Duplantis ter o joker nas suas mãos.

Esta temporada Duplantis já saltou 6.12 metros, Lavillenie (5.92), Kendricks (5.92). Pelo meio pode intrometer-se Christopher Nilsen (5.92).

E só por curiosidade os Estados Unidos levam também KC Lightfoot, que já saltou 5.82 metros. Se o nome pode ser indicador de algo, talvez os “pés leves” possam ser uma ferramenta que se revele bem útil pela pista de Tóquio, e um ingrediente que transporte KC para a contenda do pódio da prova, embora a missão se revele quase impossível.

Sifan Hassan

Está inscrita nos 1.500 metros, 5.000 metros, e 10.000 metros. É provável que prescinda de pelo menos uma destas disciplinas. Seja qualquer for a escolha deverá entrar com a ambição de vencer em qualquer uma das provas.

Gudaf Tsegay (5.000 metros, 10.000 metros), Hellen Obiri (5.000 metros, 10.000 metros), Faith Kipyegon (1.500 metros) serão algumas das sérias candidatas a contrair as ambições de Sifan Hassan.

Johannes Vetter

O atleta da Alemanha tem estado num planeta onde só ele reside. O seu estado de forma tem sido impressionante, e esta temporada é o único residente no território dos 90 metros.

Esta temporada já lançou 96.29 metros, uma marca que se poderia dizer também de outro planeta. Tem todas as condições para dominar o lançamento do dardo em Tóquio, e deixar o público deslumbrado com a sua performance.

Para se ter uma ideia do que tem sido a época de Vetter a melhor marca mundial que se segue é a do polaco Marcin Krukowski com 89.55 metros.

Em Tóquio Vetter habilita-se a dominar, por isso só resta saber se deixará nos Jogos Olímpicos mais outra das suas obras primas de lançamento do dardo.

E face às performances que Vetter já nos tem habituado, o indicado seria mesmo pegar numa fictícia máquina do tempo e coloca-lo frente a frente com os grandes da disciplina.

Eliud Kipchoge

E tínhamos que falar de Eliud Kipchoge. Conhecido por ter batido as 2h00 na maratona, num evento especial, onde contou com ‘pacemakers’ de luxo, que iam rodando ao longo da maratona, e que se apresentavam numa formação aerodinâmica, fazendo lembrar uma espécie de proteção real, e equipados com traje e calçado pensados ao pormenor, tirando partido dos elementos, e das vantagens que a ciência tem para oferecer.

Talvez este evento tenha mostrado aquele que pode ser o futuro da disciplina e quem sabe da modalidade, que bem que podia tirar partido destes “eventos especiais”, que poderiam ser alargados a outras disciplinas do atletismo, haja criatividade, engenho, e finanças para esse efeito por parte de quem delineia o rumo da modalidade.

Mas deixando de parte tudo isto Kipchoge será mais um atleta a acompanhar em Tóquio. Trata-se de mais uma lenda do atletismo, independentemente do resultado que alcançar nos Jogos Olímpicos.

Nota Especial – Allyson Felix

Esta lista não teria valor se não incluíssemos Allyson Felix. O seu percurso no atletismo tem sido absolutamente rico. É mais uma lenda da modalidade que pode seguir em Tóquio, e que deverá entrar na história da modalidade como uma das velocistas mais completas.

Estará presente pelo menos nos 400 metros.

Estes serão os seus quintos Jogos Olímpicos.

Já foi medalhada nos Jogos Olímpicos nos 200 metros, 400 metros, 4×100 e 4×400 metros. Foi campeã olímpica nos 200 metros e 4×100 metros e 4×400 metros, e 2ª nos 400 metros.

Em Campeonatos do Mundo já foi campeã do mundo em 200 metros e em 4×100 e 4×400 metros metros, e 2ª nos 400 metros.

Faz parte de um clube de grande valia ao ter corrido os 100 metros abaixo dos 11.00, os 200 metros abaixo dos 22.00, e os 400 metros abaixo dos 50.00.

Não será das favoritas ao pódio, e poderá nem fazer parte dos habituais destaques que se fazem antes e depois das competições, mas as histórias e os feitos que já protagonizou na modalidade tornam Allyson Felix um dos motivos para acompanhar os 400 metros. Porque esta poderá ser uma das últimas oportunidades que terá de a ver numa pista.

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