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Jorge Jesus: o conto das Arábias que terminou sem glória

Chegou à Arábia Saudita com estrondo e deliciou os adeptos do Al-Hilal. Recusou renovar e perde a oportunidade de ser campeão saudita.
  • Susana Vera/Reuters
31 Janeiro 2019, 07h25

Terminou esta quarta-feira a primeira experiência de Jorge Jesus no estrangeiro, após uma rescisão unilateral de contrato por parte do Al-Hilal, clube saudita que o técnico português deixa em primeiro lugar da liga. A decisão dos dirigentes do Al-Hilal vai custar 1 milhão de euros ao clube saudita: 500 mil euros previstos para quem decidisse rescindir o vínculo e outros 500 mil euros referentes a um salário do técnico português.

Tal como o Jornal Económico noticiou no início deste mês de janeiro, o Al-Hilal estava a pressionar o antigo técnico do Sporting CP e SL Benfica para assinar a renovação (proposta passaria por estender o vínculo por mais duas épocas), tendo em conta as datas da Liga dos Campeões da Ásia, que começa dois meses antes do fim do campeonato nacional (liga saudita termina em maio, tal como a liga portuguesa).

 

Pressão para renovar

Na altura, fonte ligada a este processo indicou que era “expectável que em fevereiro o clube saudita começasse a intensificar a pressão para o técnico português aceitar este convite”. Como era de esperar, o clube saudita perdeu a esperança de manter o técnico para além do vínculo atual, pelo que os dirigentes deste emblema já equacionavam outras soluções.

“O Al-Hilal não quer correr o risco de o treinador, que termina este ano a época, não continuar a acompanhar a equipa nas diferentes fases competição da liga de campeões asiática, após a fase de grupos que arranca em março”, revelou ao Jornal Económico fonte próxima ao processo, realçando que o clube saudita aposta muito nas duas Ligas dos Campeões em que o clube está envolvido.

Aliás, janeiro foi um mês de grande instabilidade para Jorge Jesus na Arábia Saudita. A semana passada, correu o rumor de que o técnico estaria de saída do clube. Jesus mencionou a existência de ‘mind games’ no campeonato saudita e que os jogadores estivessem descansados, porque a continuidade (pelo menos até ao final do contrato) estaria assegurada.

 

Timing passa pela Liga dos Campeões

No que diz respeito à Liga dos Campeões Árabes, o Al-Hilal está apurado para os quartos-de-final desta competição. A 16 e 25 de fevereiro, o clube agora sem treinador, volta à competição e vai tentar eliminar os sauditas do Al Ittihad. Tudo para chegar à final que se vai disputar no final de abril de 2019. De resto, sabe o Jornal Económico que a conquista desta prova era muito ambicionada por Jorge Jesus, tendo em conta a importância e prestígio desta competição.

No entanto, o que complicou as contas do Al-Hilal, e comprometeu a continuidade de Jorge Jesus no clube, foi o calendário da Liga dos Campeões da Ásia, competição que apura o campeão asiático para disputar o Mundial de Clubes de 2019, em dezembro.

Esta competição não acompanha as datas da época 2018/19 já que a fase de grupos começa a ser disputada a 8 março de 2019 e o período referente à fase a eliminar já abrange a época desportiva de 2019/2020 (em agosto, setembro sendo que em novembro se disputa a final). A aposta dos dirigentes do Al Hilal na Liga dos Campeões Asiática faz com que estes responsáveis pretendam que o treinador que inicie esta competição deva manter-se até ao Mundial de Clubes em dezembro. E se esse treinador não poderia ser Jesus, o Al-Hilal não hesitou em afastar o técnico.

“Não querem começar a Liga dos Campeões Asiática, em março, sem antes terem a certeza que Jorge Jesus fica para disputar os oitavos de final, quartos de final e, eventualmente, as fases seguintes”, frisou a mesma fonte conhecedora do processo. Pouco tempo depois, concretizou-se este cenário.

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