O empresário português José Neves demitiu-se esta quinta-feira do cargo de CEO da Farfetch, a empresa de tecnologia para o sector da moda que fundou em 2008, mas continuará com funções de consultor. A informação foi transmitida aos trabalhadores através de um email a que o Jornal Económico teve acesso.
O empreendedor por detrás do primeiro unicórnio de Portugal – que foi resgatado pela Coupang no final do ano passado – deixa as principais tarefas executivas e passa-as para o grupo sul-coreano, que ficará encarregue da liderança interina.
“Em primeiro lugar, José Neves decidiu renunciar ao cargo de CEO com efeitos a partir de hoje. Bom Kim, com a equipa executiva da Farfetch, liderará a empresa. Em segundo lugar, Hélder Dias, Kelly Kowal, Edward Sabbagh, Sindhura Sarikonda, Tim Stone, Luís Teixeira [Chief Operations Officer e diretor em Portugal], Nick Tran e Elizabeth Von Der Goltz seguirão em frente para prosseguir outros desafios. Enviamos um enorme agradecimento a todos pelo trabalho que realizaram na construção da Farfetch até agora”, lê-se na mensagem.
A equipa da Farfetch em Portugal também vai sofrer novas mudanças a partir de amanhã, quando se inicia a próxima fase da reestruturação. Seguem-se os recursos humanos do Reino Unido e das outras geografias nas quais a Farfetch está presente.
“Embora nunca seja fácil passar por este processo, esta foi uma decisão necessária para garantir o futuro do nosso negócio. A partir de amanhã, os trabalhadores elegíveis receberão informações adicionais sobre compensações. Reconhecemos que mudanças organizacionais como estas podem ser difíceis de digerir”, acrescenta a nota enviada aos funcionários.
Quem são os principais rostos desta retalhista, considerada a “Amazon da Coreia do Sul”? Bom Kim, CEO e presidente do conselho de administração, Gaurav Anand, Chief Financial Officer (CFO), Hanseung Kang, diretor de Gestão de Negócio, Harold Rogers, general counsel e Chief Administrative Officer, e TJ Kim, vice-presidente de Experiência de Cliente Digital.
O primeiro empréstimo dos novos donos na Farfetch, que teve efeitos imediatos em dezembro, serviu para garantir a liquidez da empresa e foi de 500 milhões de dólares (aproximadamente 458 milhões de euros). Sem a mesma, tanto a Farfetch como as suas subsidiárias “seriam incapazes de sobreviver”, nas palavras dos administradores.
As contrariedades começaram a agudizar-se em novembro de 2023, quando a tecnológica da moda de luxo informou que não iria apresentar publicamente as contas do último trimestrais, como estava previsto, e desmarcou a conference call com analistas.
Recentemente, em entrevista ao Jornal Económico, o presidente da Microsoft EMEA (Europa, Médio Oriente e África) disse que a gigante norte-americana do software mantinha um contrato com a Farfetch em Portugal, apesar de todas as mudanças na estrutura acionista e de gestão.
Notícia atualizada às 16h20
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com