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José Paulo Fafe de saída do Global Media Group

Em comunicado, o presidente da comissão executiva do Global Media diz que estavam “esgotadas as condições para exercer essas funções”, referindo-se sobretudo “ao necessário entendimento entre acionistas para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita”.
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
31 Janeiro 2024, 18h46

José Paulo Fafe, que assumiu o cargo de administrador do Global Media Group em setembro do ano passado, entregou hoje a sua demissão. Ao fim de quatro meses em funções, optou por avançar para “a renúncia ao cargo de presidente da comissão executiva do Global Media Group, onde igualmente detinha os pelouros editorial, de expansão e novos produtos”, revela através de comunicado.

Na mesma nota, diz que estavam “esgotadas as condições para exercer essas funções”, referindo-se sobretudo “ao necessário entendimento entre acionistas para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita”.

Salienta que era condição essencial para “o reposicionamento dos seus principais títulos e marcas, condição indispensável para o seu crescimento e expansão”.

Sublinha que o jornalismo se constrói  com “a coragem que falta aos que, preferindo refugiar-se num passado que lhes esconde as fraquezas, se recusam, muitas vezes por inépcia e incompetência, a fazer o futuro”.

Esta posição assumida por José Paulo Fafe surge dois dias depois do Sindicato dos Jornalistas (SJ) ter feito uma participação à Inspetora-Geral do Trabalho, a denunciar assédio laboral na Global Media (GMG).

O SJ “elaborou uma participação para a Inspetora-Geral do Trabalho, (…) Maria Fernanda Campos” devido a “ações e pressões levadas a cabo pela atual Comissão Executiva do Global Media Group que criaram um clima de intimidação sobre os trabalhadores e os seus representantes”, refere o sindicato, em comunicado.

“Entre as questões identificadas como passíveis de configurar assédio laboral estão o reiterado desrespeito da Comissão Executiva (CE) pelos trabalhadores, patente em várias decisões tomadas ao arrepio da lei e/ou sem consulta aos representantes legais, que o SJ entende constituir uma forma de pressão e intimidação”, acrescenta.

Esta participação “tem por base declarações e ações dos administradores, nomeadamente José Paulo Fafe e Paulo Lima de Carvalho [que entretanto saiu], denunciando-se pressões dissimuladas e um conjunto de ataques ao exercício e à atividade sindical”, lê-se no comunicado.

“A tática de ação/reação, patente nos vários comunicados enviados pela administração durante plenários ou até a meio de uma greve histórica e inédita de dois dias, é uma das marcas deixadas por esta Comissão Executiva” e “igualmente revelador tem sido a utilização dos trabalhadores do GMG e o (não) pagamento dos seus salários como arma de arremesso perante os outros acionistas, como forma totalmente ilegítima de ripostar contra a decisão do Governo de não adquirir a percentagem do grupo na Lusa ou como meio de pressão perante a ERC”, aponta.

Ou ainda, “numa tentativa dissimulada de fazer desistir os mais fragilizados entre os prestadores de serviços, que nos últimos meses só têm como certa a total incerteza”, denuncia o SJ.

Com a participação à Inspetora-Geral do Trabalho o sindicato “espera que a ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] se inteire de todas as ações tomadas pela CE [Comissão Executiva]” da Global Media, “que fez dos trabalhadores um adversário, quando são estes que acrescentam valor e mantêm a empresa a trabalhar, mesmo com salários ou subsídios em atraso”.

Neste sentido, o SJ espera que “a ACT tome as respetivas ações no sentido de punir um conjunto de atos, praticados de forma deliberada e consciente, com o objetivo e o efeito de perturbar e constranger os trabalhadores deste grupo, afetar a sua dignidade e criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante e desestabilizador. Ou seja, a prática de assédio laboral”.

O Sindicato dos Jornalistas espera que este tipo de situações não se repita: “Acreditamos que daqui pode sair um sinal evidente e incontornável de que vivemos num país democrático em que as instituições funcionam e são regidas por leis, iguais para todos”.

De acordo com a informação da ERC, a participação efetiva da Páginas Civilizadas na GMG é de 50,25% do capital e dos direitos de voto. Esta posição é calculada a partir da soma da detenção direta de 41,51% e da indireta, através da Grandes Notícias Lda, de 8,74%.

O fundo WOF tem uma participação de 25,628% do capital social e dos direitos de voto da GMG. Por sua vez, o Grupo Bel detém uma participação indireta de 17,58%. A KNJ, de Kevin Ho, detém 29,350% e José Pedro Soeiro 20,400%.

Resumindo, a Global Media é detida diretamente pela Páginas Civilizadas (41,510%), KNJ (29,350%), José Pedro Soeiro (20,400%) e Grandes Notícias (8,740%).

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