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Juan Verde, assessor ambiental de Obama: “Alterações climáticas são reais. Sem planeta não há economia”

Juan Verde foi um dos oradores na cimeira ”Towards a Green Economy”, que se realizou no auditório da EDP. ”Uma economia mais verde faz sentido da perspectiva competitiva. Faz sentido pensar no futuro, especialmente se as empresas querem ser competitivas no século XXI e se querem encontrar um equilíbrio entre a economia e o planeta”, disse.
Cristina Bernardo
24 Janeiro 2019, 14h00

Juan Verde, conselheiro e assessor ambiental do ex presidente norte-americano Barack Obama e do vice presidente Al Gore, foi um dos convidados da conferência ”Para uma Economia Verde: Oportunidades de Negócios e Desafios para o Século XXI”, cabendo-lhe a abertura da sessão. Depois de um ”bom dia” caloroso e em bom português, o ‘empreendedor do ambiente’ admitiu que o evento “Towards a Green Economy” é “uma grande oportunidade para instituições, governos mas também empresas e empresários”, salientou.

”O debate acabou: apesar do que diz Trump, o facto é que as alterações climáticas são reais e nós, enquanto seres humanos, somos aqueles que estão a acelerar o processo”, afirmou. ”Há uma hipótese que 90% das alterações climáticas sejam reais e que o nosso comportamento seja catastrófico para a economia global. Está na hora de agir”, rematou, no encontro organizado pela Câmara de Comércio Americana em Portugal (AmCham Portugal) eque decorre esta quinta feira no Auditório da EDP – Energias de Portugal, em Lisboa.

Durante a sua palestra, Verde tocou em vários tópicos, sendo que um deles foi a importância da implementação de uma economia circular num contexto global. No mais recente estudo da Circle Economy, divulgado durante o Fórum Económico Mundial, em Davos, foi feito um apelo aos executivos mundiais para que tomem medidas para passar de uma economia linear (“take-to-waste”) para uma economia circular, que maximize o uso de ativos existentes, de modo a reduzir a dependência de novas matérias-primas e minimizar o desperdício.

Em conversa com o ‘Jornal Económico (JE), o porto-riquenho acredita que as empresas não devem ter que escolher entre uma economia circular e uma economia baseada em energias renováveis, mas que devem optar por  modelos de negócio que obriguem estas empresas a serem mais responsáveis e a pensarem em longo termo. ”Esses novos modelos oferecem às empresas dois resultados: lucrar por pouco tempo ou lucrar durante muito tempo. As empresas têm que escolher fazer mais e melhor e isso pode significar, para algumas, fazer escolhas mais ecológicas enquanto que para outras significa adotar um modelo de negócio circular”, declarou o assessor ambiental.

Para entender a importância de uma economia circular, é importante entender o seu conceito estratégico, sendo que este assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Um modelo circular substitui o conceito de fim de vida da economia linear, por novos fluxos de reutilização, restauração e renovação.

”Uma economia circular significa entender o ciclo de vida de um produto, o que acontece a seguir e qual é o papel dos recursos naturais na produção desses produtos. Temos que considerar como é que isso influencia o ambiente, os consumidores e os clientes”

Segundo o relatório da Circle Economy, apenas 9% dos mil milhões de toneladas de materiais que entram na economia mundial são reciclados, uma percentagem que tem que aumentar drasticamente para evitar alterações climáticas devastadoras. Anualmente, são usadas 92,8 mil milhões de toneladas de minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa  para a extração, processamento e fabrico de bens para atender às necessidades da sociedade. Ou seja, três vezes mais do que em 1970. E por mais avassaladores que sejam estes números, o relatório indica ainda que, até 2050, deverão duplicar.

A instituição autora do relatório argumenta que a inovação para prolongar a durabilidade dos recursos existentes não só poderá reduzir as emissões, mas também diminuir a desigualdade social, promovendo o crescimento económico baixo em carbono, e Juan Verde partilha a mesma visão. ”Uma economia mais verde faz sentido da perspectiva competitiva. Faz sentido pensar no futuro, especialmente se as empresas querem ser competitivas no século XXI e se querem encontrar um equilíbrio entre a economia e o planeta. Sem o planeta, não há economia e por isso não há uma razão que justifique o porquê de não ser uma prioridade”, concluiu.

Esta cimeira green conta com a presença de alguns oradores, como Greg Lowe, chefe de Resiliência e Sustentabilidade da corretora de seguros AON, Phil Dominy diretor de Energia e Sustentabilidade de consultora EY ou Diogo da Silveira, CEO da Navigator.

O BCSD Portugal, enquanto parceiro, organizou a Mesa Redonda intitulada “Leading Business Solutions Towards a Carbon Neutral Economy“, em que o seu secretário geral, João Wengorovius Meneses, moderou o painel, com a participação de João Paulo Oliveira, administrador executivo da Navigator e José Melo Bandeira, administrador da Veolia Portugal.

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