Segundo o BCE, os bancos portugueses estão em terceiro lugar entre os que menos pagam por depósitos, apenas atrás de Espanha e Irlanda. A remuneração média dos novos depósitos é de 0,10%, abaixo da média de 0,28% na Zona Euro.

Em Portugal, a aplicação de taxas de juro negativas aos depósitos é impedida pela lei, mas a prática de pagar 0% pelos depósitos é cada vez mais frequente. Com taxas tão baixas, a maioria já nem aplica o dinheiro a prazo por considerar que não vale a pena.

Estas taxas de juro muito baixas decorrem da necessidade de os bancos compensarem as taxas negativas que têm de imputar na contabilização dos créditos à habitação indexados, que são a maioria. Simultaneamente, o comissionamento está a aumentar, levando os clientes a concentrarem cada vez mais a sua relação com menos bancos. Isto para já, porque não tardará a adesão a projetos alternativos de banca e de meios de pagamentos.

Não é de esperar alterações a este panorama porque também não se vislumbra uma alteração ao nível dos juros do BCE. Por outro lado, a posição dos bancos melhorou após as alterações efetuadas pelo BCE: ao escalonar a taxa de depósito, na prática isentando os bancos de pagar os -0,5% por depósitos até seis vezes as reservas, deixa de haver um argumento financeiro tão premente para a banca.