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Kuwait Petroleum entra em Portugal com negócio de 20 milhões

Petrolífera kuwaitiana negoceia a compra de participação de 50% da rede portuguesa do grupo Vapo, pretende duplicar o número de postos e contar com abastecimento direto através do porto de Sines.
24 Novembro 2018, 10h30

A petrolífera Kuwait Petroleum está a preparar a entrada em Portugal através da aquisição de uma participação de 50% na rede de distribuição de combustíveis do grupo português Vapo, num negócio avaliado em 20 milhões de euros, apurou o Jornal Económico juntos de fontes conhecedoras do processo. A Kuwait Petroleum já é parceira do grupo Vapo, que utiliza a marca da petrolífera kuwaitiana, a Q8, na sua rede de abastecimento de combustível em Portugal, e que também é sua fornecedora, através da Kuwait Petroleum Espanha.

O grupo Vapo tem interesses também no setor das energias alternativas, especialmente na biomassa, assim como nos sectores metalúrgico e de materiais de construção, mas, questionado pelo Jornal Económico, o presidente do grupo Vapo, Daniel Cêpa Carvalho, explicou que o negócio envolverá apenas as empresas que operam no ramo dos combustíveis, na importação, venda a granel e venda a retalho. Os detalhes do negócio foram discutidos num encontro com os responsáveis da empresa kuwaitiana no Porto, no primeiro fim de semana de outubro. O processo de due dilligence está já em curso e é da responsabilidade da consultora KPMG.

Duplicar a rede e ter expansão nacional

O grupo Vapo foi formado em 2009, está sedeado em Guimarães, e gere uma rede de 18 postos de abastecimento. “Para este ano, contamos fechar com 21 postos de combustível próprios, ou seja, com gestão nossa”, disse Daniel Cêpa Carvalho. Com o novo acionista, as metas de crescimento tornam-se mais ambiciosas. “Com a entrada da Kuwait Petroleum [através da subsidiária Kuwait Petroleum International] no capital, pretendemos duplicar a breve prazo o número de postos de nossa gestão direta”, diz Cêpa Carvalho. Depois da entrada da petrolífera kuwaitiana no capital o objetivo passa pelo crescimento orgânico, mas também por “apostar nos chamados abandeiramentos [concessões], de forma a alargar a mancha de postos Q8 em todo o território nacional, com uma forte aposta na representação da marca em Lisboa e sul do país, para que, em conjunto com Espanha, a Q8 se possa transformar num dos maiores operadores na Península Ibérica”, refere o presidente da Vapo. “[O abandeiramento] é uma forma de expansão mais rápida, porque não implica tanto investimento”, acrescenta.

A expansão através da aquisição de outras redes portuguesas é também uma possibilidade que será estudada.

O grupo estima que o volume de litros vendidos – respeitante a consumo próprio e também à venda a terceiros – deverá ter aumentado 35,5% este ano, face a 2017, para 80 milhões. No mesmo período, o volume de negócios conjunto das diversas atividades deverá ter aumentado 51%, para cerca de 100 milhões de euros.

O mercado de combustíveis em Portugal representou, no ano passado, mais de 11,6 milhões de toneladas, representando o gasóleo cerca de 4,7 milhões de toneladas, o jet fuel 1,2 milhões e a gasolina um milhão de toneladas.

 

Futuro  do projeto passa pelo Porto de Sines

A Vapo pretende ganhar competitividade ao ser abastecida diretamente pela Kuwait Petroleum, a partir do início do segundo semestre do próximo ano, através do terminal de granéis líquidos do porto de Sines.

O CEO do grupo Kuwait Petroleum e presidente da Kuwait Petroleum International, que explora a rede Q8, afirmou já que a petrolífera prevê ter concluído o seu “Clean Fuel Project” no final deste ano, o que lhe permitirá “expandir as exportações de petróleo de acordo com as especificações Euro 4 ou 5”.

“Este volume adicional suportará o nosso negócio de retalho na Europa”, disse Nabil Bourisli. “Sempre que há uma boa oportunidade de negócio, consideramos capturá-la”, acrescentou, citado pelo “The Oil & Gas Year”.

A empresa kuwaitiana e a Vapo esperam beneficiar da legislação publicada no final de 2016, que determina as regras para acesso ao oleoduto para combustíveis que liga Sines e Aveiras, gerido pela Companhia Logística de Combustíveis, que tem como maior acionista a Galp Energia. Consideram, também, que a utilização do porto de Sines poderá permitir o abastecimento da rede em Portugal, mas também do mercado espanhol.

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