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Kwanza angolano já perdeu 40% para o euro desde janeiro

A moeda angolana sofreu segunda-feira nova depreciação face ao euro, acumulando uma perda de quase 40% desde a aplicação do regime flutuante cambial, em janeiro, com taxas de câmbio formadas nos leilões de divisas, informou esta quarta-feira o banco central.
15 Agosto 2018, 15h12

A moeda angolana sofreu segunda-feira nova depreciação face ao euro, acumulando uma perda de quase 40% desde a aplicação do regime flutuante cambial, em janeiro, com taxas de câmbio formadas nos leilões de divisas, informou esta quarta-feira o banco central.

Em comunicado, o Banco Nacional de Angola (BNA) indicou que, na sessão de venda de divisas em leilão com os bancos comerciais, realizada segunda-feira, colocou no mercado primário 35 milhões de euros, destacando que para o apuramento da taxa de câmbio de referência contribuíram 23 bancos.

Tratou-se de uma depreciação de 1,669% do valor da moeda angolana face ao euro, que vale agora cerca de 306 kwanzas.

A depreciação, que foi mais acentuada em janeiro, tendo descido para fevereiro para um ritmo de quase 1% por semana, foi confirmada pela Lusa com cálculos feitos a partir das taxas cambiais oficiais do BNA, de 01 de janeiro e de 15 de agosto.

Hoje, a taxa de câmbio média do euro cifra-se nos 306,4 kwanzas, quando a 01 de janeiro era de 185,40 kwanzas, o que representa uma depreciação de 39,5% no espaço de oito meses.

O leilão de segunda-feira, o 35.º desde o início do ano, refere o BNA, destinou-se a cobrir operações com viagens, ajuda familiar, propinas escolares, incluindo salários de trabalhadores expatriados até ao limite individual mensal equivalente a 15 mil euros.

Do total dos 23 bancos, três deles ultrapassaram a fasquia dos 4.000 milhões de euros – BAI e BIC (ambos com 4,373 milhões de euros) e o banco Sol (com quatro milhões de euros).

No leilão anterior, realizado a 30 e 31 de julho, em que foram colocados 348,19 milhões de euros, tinha fixado uma taxa média ponderada do câmbio em 301,371 kwanzas por euro, uma variação de 1,30%.

O governador do BNA admitiu recentemente que a opção por um regime de câmbio flutuante “não traz apenas boas notícias”, mas “exige também alguns sacrifícios, quer a nível empresarial, quer a nível pessoal”.

“Teremos o mercado a ditar o equilíbrio do preço da moeda, mas o mercado também tem as suas imperfeições e poderemos ter uma pressão sobre a moeda, por exemplo, por assimetria de informação entre os agentes económicos, por perceção menos assertiva de decisões de política ou até mesmo por sentimento de menor confiança na economia”, alertou José de Lima Massano, a 29 de junho.

No leilão voltaram a ser aplicadas as regras anunciadas no final de janeiro pelo governador do BNA, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro.

A 18 de janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo – em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas – foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.

Na reação, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da “margem máxima” sobre a taxa de referência – ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio -, “não pode ser superior nem inferior a 2%”.

“Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2%, não mais, não menos”, avançou o governador do BNA, no final daquela reunião.

No modelo cambial anterior, até 09 de janeiro, a cotação era fixada diretamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, mas passou então a ter moeda europeia como referência para o mercado nacional.

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