A pandemia introduziu novas tendências que podem afetar a dinâmica da inflação nos próximos anos e que se podem refletir em pressões de preços tanto para cima, quanto para baixo. O aviso é de Christine Lagarde, que voltou a reiterar acreditar que o atual aumento da inflação é transitório, defendendo que a política monetária deve estar focada em fazer uma transição suave para o pós-pandemia e direcionar esforços para subir a inflação de forma sustentável em direção à meta de 2%, pelo que o Banco Central Europeu (BCE) não deve “ter uma reação exagerada” a choques transitórios.
No discurso de abertura do sétimo fórum anual do Banco Central Europeu (BCE), esta terça-feira, a presidente da instituição recordou que pandemia provocou uma recessão “como nenhuma outra” e “uma recuperação que tem poucos paralelos na história”. O que significa, diz, que a resposta à inflação também reflete “as circunstâncias excepcionais”, esperando que “esses efeitos acabem por passar”.
Christine Lagarde lançou, assim, o mote para a debate do fórum do banco central, um evento anual que tem lugar tradicionalmente em Sintra, mas que devido à pandemia decorre esta terça-feira e quarta-feira sob formato online, e que este ano se irá debruçar sobre os efeitos económicos globais da pandemia e os desafios futuros da política monetária.
Num discurso de cerca de 30 minutos, a francesa que lidera os destinos da moeda única, mostrou-se confiante sobre a recuperação da económica, mas deixou avisos: “a economia afastou-se do abismo, mas não está completamente fora de perigo”, disse, salientando que após uma recessão bastante incomum, a zona euro está a passar por uma recuperação “altamente atípica”. Se por um lado assiste a um rápido crescimento, por outro lado verificam-se dificuldades de abastecimento que surgem de forma incomum no início do ciclo económico, a que se alia a uma rápida recuperação da inflação com a reabertura das economias.
“Está a acelerar as tendências pré-existentes e as novas alterações estruturais provocadas pela pandemia, que podem ter implicações para a futura dinâmica da inflação”, vincou.
Para Lagarde, “o principal desafio é garantir que não temos uma reação exagerada a choques transitórios da oferta que não tenham impacto no médio prazo”, ao mesmo tempo que estimulam “as forças positivas da procura” que podem levar a inflação em direção à meta de 2%.
“O nosso novo forward guidance sobre as taxas de juro é adequado para gerir os riscos do lado da oferta”, realçou, recordando que o BCE tem agora maior margem face a oscilações moderadas e por um período transitório acima da meta de 2%.
Lagarde voltou assim a reiterar a confiança de que a inflação é um fenómeno transitório, apesar da expectativa de subida nos próximos meses. “A reabertura também pressiona a inflação, que atingiu 3% em agosto e deve aumentar ainda mais nos próximos meses”, disse.
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