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Lagarde sublinha incerteza acrescida com ameaças americanas de tarifas

A presidente do BCE classificou a possibilidade de tarifas vindas dos EUA como “negativas antes ainda de acontecerem, porque a incerteza que geram e a diminuição de confiança que causa só a ameaça travam investimentos, consumo, decisões de contratação”, o que reforça a atenção do banco central.
6 Março 2025, 15h50

Christine Lagarde assumiu uma postura conservadora após nova descida de 25 pontos base (p.b.) dos juros diretores na zona euro, procurando não se comprometer com qualquer decisão futura e sublinhando o impacto da elevada e “fenomenal” incerteza. A imposição de tarifas será prejudicial para todos os envolvidos, mas a Europa tem de negociar a partir de uma posição de força e vantajosa, argumentou a presidente do Banco Central Europeu (BCE).

Após seis descidas no atual ciclo de política monetária, Lagarde reconheceu, em linha com a alteração na linguagem do comunicado do BCE, que o banco central estava agora numa fase “mais evolucionista”, tendo em conta “os impactos do caminho já percorrido” nos juros. A decisão de voltar a cortar juros foi, garante, “unânime” apesar da abstenção de Robert Holzmann, governador austríaco.

As perspectivas continuam a ser desafiantes e obrigam o banco central a agir com cautela e precaução, mantendo a abordagem dependente dos dados “como sempre, provavelmente ainda mais agora”, dada a incerteza acrescida – que, classificou a presidente do BCE, será “enorme” ou até mesmo “fenomenal”. E, com a iminência de mais tarifas vindas dos EUA, esta incerteza agrava-se ainda mais.

“Conhecemos [o conceito de] tarifas e, se houver retaliação, não são boas de todo – aliás, são negativas no impacto líquido. E são negativas antes ainda de acontecerem, porque a incerteza que geram e a diminuição de confiança que causa só a ameaça travam investimentos, consumo, decisões de contratação”, explicou Lagarde.

Por outro lado, as alterações significativas no seio da Europa para acomodar mais gastos públicos com defesa devem ser conhecidas em detalhe antes de qualquer avaliação de impacto pelo BCE, obrigando o banco a reforçar a sua atenção a esta legislação. É preciso “conhecer os detalhes” quanto ao seu financiamento e âmbito, lembra a presidente do BCE, mas “a visão em torno da sala é que, em ambos os casos [a nível europeu e na Alemanha], tal apoiaria a economia europeia”.

Ainda assim, e referindo-se à reação do mercado obrigacionista após o anúncio destas alterações orçamentais, Lagarde garantiu que o banco central “não muda de postura apenas por causa de uma reação de mercado”. De resto, o próprio mercado tem ajustado as yields dos títulos de dívida europeus em alta, “mas os spreads têm-se movido de forma muito limitada”, mostrando que não há, por enquanto, uma fragmentação.

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