O líder da IL descartou na noite eleitoral vir a integrar num Governo com AD, frisando que as “maiorias possíveis estão constituídas” e o seu papel será na Assembleia da República, mas manifestou-se disponível para dialogar.
Numa declaração aos membros da IL no Palácio Xabregas, em Lisboa, onde decorreu a noite eleitoral do partido, Rui Rocha recordou que, nesta campanha, tinha dito que seria “garantia de governabilidade” e de “solução para o país”, na medida em que isso dependesse do partido.
“Mas, olhando para os resultados, o que vemos nesta altura é que as maiorias possíveis estão constituídas. Portanto, o nosso papel será o papel de, no parlamento, continuarmos a defender as nossas ideias, de continuarmos a dizer aos portugueses: têm aqui um partido de confiança que os vai defender e que vai querer levar Portugal para a frente, a partir do parlamento, onde teremos maior representação”, referiu.
O líder da IL disse que, “obviamente”, estará disponível “para as conversas que houver a ter nos próximos dias, para todos os contactos”.
“Mas essa é a nossa posição: a confiança que merecemos, que temos dos portugueses, é a confiança de sermos fiéis a nós próprios, por muito que isso às vezes nos leve a caminhar mais devagar do que queríamos. Mas nós não vamos ser populistas, não vamos oferecer tudo a todos, não vamos trair a confiança daqueles que hoje votaram em nós”, referiu.
Numa análise ao resultado eleitoral do partido – que aumentou o número de deputados, de oito para nove –, Rui Rocha referiu que a IL cresceu em número de votos, de deputados e de percentagem, mas assumiu que ambicionava mais.
“Queríamos ter crescido mais, obviamente. Creio que fizemos muito ao longo deste tempo para merecer a confiança dos portugueses. Não foi possível crescer mais, eu assumo esse ponto”, afirmou.
No entanto, o líder da IL disse que, olhando para a legislatura que passou e para as decisões que tomou, “não teria feito nada diferente”, considerando que o partido esteve “à altura das circunstâncias quando outros falharam”.
“Fizemos uma campanha positiva, estivemos certos nos momentos certos e quero-vos dizer que não troco essa posição: uma posição de ética, de rigor, de transparência, de confiança nos portugueses, de não dar tudo a todos e dizer aos portugueses, cara a cara, aquilo que deve ser dito. Eu não troco essa posição: não é só para o passado, é sobretudo para o futuro”, frisou.
Pouco depois, em declarações aos jornalistas, Rui Rocha foi questionado sobre o que é que dirá ao Presidente da República caso este lhe peça que se aproxime à AD. Na resposta, reiterou que seria responsabilidade do partido estar disponível para um acordo com o PSD e CDS se “houvesse uma questão de governabilidade e de maiorias que se poderiam constituir com a presença da IL”.
“Não sendo esse o caso, parece que estamos isentos dessa responsabilidade e a nossa responsabilidade é, no parlamento, fazermos tudo o que estiver ao nosso alcance para dignificar o parlamento e defender aqueles que votaram em nós e os que, não tendo votado, se reveem na linha política que a IL defende”, reforçou.
Interrogado se tenciona apoiar o Governo da AD na Assembleia da República, Rui Rocha respondeu: “Faremos o que fizemos nesta legislatura”.
“Quando entendermos que as medidas propostas são medidas adequadas, corretas e que contribuem para o desenvolvimento do país, cá estaremos para viabilizar. Sempre que merecerem crítica, cá estaremos com a mesma intensidade a criticar”, assegurou.
Questionado se, esta noite, falou com Luís Montenegro, Rui Rocha disse que sim, para lhe desejar os parabéns, mas frisou que “não houve nenhuma conversa” quanto a possíveis acordos pós-eleitorais.
Sobre os resultados eleitorais, Rui Rocha disse que “a vontade dos portugueses manifestou-se” e deve ser e acusou a esquerda de ter alimentado o crescimento do Chega quando “lhes deu jeito” e estar agora a “colher as consequências”.
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