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Leia a transcrição do áudio da reunião entre Temer e o empresário da JBS

O ministro do Supremo Tribunal Federal autorizou a divulgação do áudio da conversa entre o número um da JBS e o presidente brasileiro. De acordo com a informação veiculada pela imprensa local, a conversa foi gravada em março deste ano, num encontro no Palácio do Jaburu.
Adriano Machado / Reuters
19 Maio 2017, 08h12

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, autorizou a divulgação do áudio da conversa entre o número um da JBS e o presidente brasileiro, Michel Temer. De acordo com a informação veiculada pela imprensa local, a conversa foi gravada em março deste ano, num encontro no Palácio do Jaburu, e o áudio foi entregue a procuradores do Ministério Público Federal (MPF).  O áudio tem cerca de 40 minutos, e muitos dos excertos são de díficil entendimento devido aos ruídos.

Na conversa, Temer e Batista conversam sobre a situação do ex-deputado Eduardo Cunha, que foi preso na Operação Lava Jato. Segundo a reportagem do jornal O Globo, divulgada na quarta-feira (17), na gravação, Temer teria sugerido que Joesley Batista continuasse a pagar uma espécie de remuneração a Eduardo Cunha para que este ficasse em silêncio e não revelasse informações aos investigadores.

Veja a transcrição do excerto:

Joesley: Te ouvir um pouco, presidente, como o senhor está nessa situação toda aí? Eduardo… Não sei o que… Lava Jato…

Temer: O Eduardo me fustigar, né? Você viu que…

Joesley: Eu não sei, como está essa relação?

Temer: (…) a defesa… O Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele. Era para. No Supremo Tribunal Federal…
Aí, rapaz, mas os 11 ministros.

Joesley: Eu, dentro do possível, o máximo que deu ali, zerei tudo. O que tinha de alguma pendência daqui para ali. Zerou. Ele foi firme, foi em cima, já estava lá, veio, cobrou, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da frente. O outro menino, o companheiro dele que está aqui]. Geddel sempre estava. Geddel é que sempre andava ali. Mas o Geddel com esse negócio eu perdio o contato porque ele virou investigado, agora eu não posso encontrar ele.

Temer: É complicado. Obstrução de Justiça.

Joesley: Negócio dos vazamentos. O telefone lá do Eduardo com o Geddel volta e meia citavam alguma coisa meio tangenciando a nós, a não sei o que. Eu tô lá me defendendo.

Joesley:  Como é que eu… Que que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo…

Temer: Tem que manter isso, viu?

Joesley:Todo mês também. Estou segurando as pontas por aí. [inaudível] os processos. Estou meio enrolado aqui, no processo assim…

Temer: [inaudível]

Joesley: Isso, isso. Investigado. Eu não tenho ainda a denúncia.

Noutra parte da conversa, Joesley Batista diz a Temer que está “a segurar dois juízes” que estão com casos em que o empresário é processado. O governante refere, sem citar nomes, que tem recebido informações privilegiadas de um procurador. Numa nota, a assessoria do Palácio do Planalto disse que, sobre esse excerto, “o presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava a ser objeto de inquérito e por isso parecia ter vantagem”.

A Polícia Federal prendeu preventivamente esta quinta-feira (18) o procurador Ângelo Goulart Vilela, investigado por práticas ilícitas.

Joesley: Aqui eu dei conta do juiz de um lado. Do outro lado um juiz substituto que é o cara [inaudível] Eu consegui (…) dentro da força-tarefa que está também está me dando informação. E eu lá, que estou para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta, tem o lado bom e o ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal. O lado ruim é que se vem um cara com [inaudível]. O que está me ajudando está bom, beleza. Agora tem um que está me investigando. Eu consegui colar um no grupo. Agora estou tentando trocar…

Temer: O que está…

Joesley: Isso. Então está meio assim. Eles estão de férias. Essa semana eu fiquei preocupado porque saiu um burburinho de que ia trocar ele, não sei o que. Fiquei com medo… Muito bem. Eu tô só contando essa história para dizer assim. Eu tô me defendendo. Me segurando e tal. Os dois lá mantendo, tudo bem.

Ainda noutro excerto, Joesley menciona o nome Rodrigo. Ao que O Globo apurouJoesley Batista disse que o presidente Michel Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures para agir em nome de interesses do grupo JBS.

Joesley: Enfim, mas vamos lá. Eu queria falar sobre isso, falar como é que é (…) vim falar contigo, qual a melhor maneira. Porque eu vinha falando através do Geddel. Eu não lhe incomodar, evidentemente, se não for algo assim…

Temer: [inaudível]

Joesley: Eu sei disso, por isso é que…

Temer: [inaudível]

Joesley: É o Rodrigo? Ah, então ótimo.

Temer: Pode passar por meio dele. É da minha mais estrita confiança

Joesley: Eu prefiro combinar assim. Se for alguma coisa que eu precisar, e tal, eu falo com o Rodrigo. Se for algum assunto desse tipo, aí…

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