O foragido líder do antigo Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, apareceu num vídeo de propaganda pela primeira vez em cinco anos, e depois de ter sido dado como desaparecido mas não morto pelas tropas da coligação internacional que lideraram o confronto com o grupo fundamentalista por ele fundado.
Ainda há poucas semanas um alto responsável norte-americano pelo comando das tropas dos Estados Unidos estacionadas na Síria admitia desconhecer por completo o paradeiro do terrorista. O Major-General Christopher Ghika, Vice-Comandante de Estratégia e Informação da Força Conjunta da Operação Inherent Resolve, revelou em ‘conference call’ onde o Jornal Económico participou que, apesar da derrota do Daesh, não havia sido possível capturar al-Baghdadi.
De qualquer modo, o antigo líder reconheceu, no vídeo agora dado a conhecer, derrota do grupo terrorista na cidade síria de Baghouz. A aparição é apenas a segunda de Baghdadi em vídeo, e surge semanas depois de as forças remanescentes do Daesh terem sido expulsas da sua última fortaleza organizada no deserto da Síria oriental. Parecendo mais pesado do que quando proclamou (quando apareceu pela primeira vez em vídeo) a existência do agora desaparecido califado em meados de 2014, Baghdadi afirma que a sua derrota se deve àquilo a que chamou “selvajaria” dos cristãos.
Sentado de pernas cruzadas ao lado de uma arma Kalashnikov, al-Baghdadi fala por apenas 40 segundos. “Sinceramente, a batalha do Islão e do seu povo contra a cruz e o seu povo é uma longa batalha”, diz. “A batalha de Baghouz acabou. Mas mostrou a selvajaria, a brutalidade e as más intenções dos cristãos em relação à comunidade muçulmana”.
O aparecimento do vídeo é, para os analistas, a tentativa do Daesh de prestar prova de vida e deve ser levado muito a sério em termos de seugrança: depois dos atentados da semana passada no Sri Lanka, o mundo ocidental (ou parte dele) aumentou o seu grau de defesa contra ataques terroristas e o vídeo agora surgido pode bem não ser uma simples coincidência.
O video faz também prova de que al-Baghdadi ainda estava vivo, depois de haver fortes suspeitas de que poderia ter sido morto num dos ataques contra o Daesh. O líder do antigo califado lançou vários sermões em suporte áudio nos últimos anos, o último dos quais foi conhecido em agosto do ano passado. A sua longa ausência alimentou especulações de que poderia ter sido morto.
Alguns meios ligados aos serviços secretos dos países envolvidos sugerem que um importante membro do Daesh, Abu Muhammad al-Husseini al-Hashimi, que se acredita ser um primo distante de al-Baghdadi, parece estar neste momento a formar um novo grupo que assume a missão de se substituir ao grupo anterior – tal como sucedeu quando al-Baghdadi substituiu a preponderância da al-Qaeda. Hashimi lançou recentemente um livro de 231 páginas pedindo uma revolta contra al-Baghdadi e pedido lealdade a um novo líder.
Ou seja, tal como da cabeça decepada da al-Qaeda sugiu o Daehs, também do Daesh moribundo está a formar-se o próximo grupo fundamentalista islâmico, acreditam os serviços secretos ocidentais.
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