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Líder do CDS devolve desafio de Adolfo Mesquita Nunes e diz que “não tem medo nenhum de ir a votos”

Francisco Rodrigues dos Santos disse, em entrevista à Rádio Observador, que não provoca “incidentes internos para interromper lideranças” e repetiu que não fez parte da direção partidária que teve o pior resultado eleitoral da história de sempre e “plantou à direita do CDS dois novos partidos”.
27 Janeiro 2021, 10h33

O presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, reagiu nesta quarta-feira ao repto lançado por Adolfo Mesquita Nunes para a realização de eleições internas numa entrevista à Rádio Observador, dizendo que “gostava de discutir esta questão nos órgãos internos do partido”. Mas disse que “não tem medo rigorosamente nenhum de ir a votos” e não poupou críticas ao antigo vice-presidente de Assunção Cristas, dizendo que não foi o líder ou pertenceu à direção “que teve o pior resultado da história” do partido e “plantou à direita do CDS dois novos partidos”.

Devolvendo o desafio para ir a votos que o antigo secretário de Estado do Turismo lhe fez num artigo publicado pelo Observador, Rodrigues dos Santos disse que “nada impede que Adolfo Mesquita Nunes seja consequente com o artigo que escreveu e reúna as assinaturas necessárias para convocar um Conselho Nacional para que possa deliberar a convocação de um congresso.”

“Tenho vontade pessoal de cumprir o meu mandato e não provoco incidentes internos no meu partido para interromper lideranças”, garantiu Francisco Rodrigues dos Santos, que foi eleito há um ano para a presidência do CDS, derrotando o deputado João Almeida, que tinha Mesquita Nunes entre os seus apoiantes.

Defendendo que o seu mandato na liderança está a correr bem, tendo em conta que o CDS participa na governação nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores, e teve o seu candidato presidencial reeleito, o líder partidário defendeu que “o foco de qualquer partido democrático deve ser colocar o interesse nacional acima da mercearia interna” e voltou a atacar os críticos internos. “Não fui eleito por padrinhos e barões do partido. Fui eleito pelas bases, pelos militantes, que sabem que este partido lhes pertence e que foi construído de baixo para cima.”

Quanto à possibilidade de alguns elementos do grupo parlamentar centrista passarem a não inscritos caso se mantenha na liderança, Rodrigues dos Santos disse que “nem sequer” pensou nessa possibilidade. “É  nas alturas mais árduas que se vê a craveira dos militantes e dirigentes. Quando havia lugares para distribuir no Governo e na administração do Estado aí éramos todos do CDS e batíamos com a mão no peito. Quando a luta aperta é que quero ver quem está a meu lado para ajudar a reerguer o partido”, disse, admitindo que em tempos de vacas magras “há sempre alguém que vai desertar”.

Francisco Rodrigues Santos apontou o “desgaste da marca do CDS” como razão para a ascensão de forças políticas como o Chega e a Iniciativa Liberal, admitindo que a “reconfiguração da direita obriga a uma reflexão profunda por parte dos partidos tradicionais”. Terá sido esse desgaste, em sua opinião, o que explicou a perda de votos nos Açores em relação às eleições regionais anteriores – apesar de ter começado por vincar que também representaram um aumento de 1.700 em relação às legislativas de 2019 -, defendendo que “estamos a enfrentar um contexto à nossa direita que nunca aconteceu antes”.

Sobre a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa nas eleições presidenciais deste domingo, o líder centrista reafirmou que foi um objetivo cumprido pela sua direção, no sentido em que evitou a divisão de votos à direita. “Estou convicto da escolha em consciência que fizemos no único candidato que achávamos que tinha condições para fazer um bom resultado e que foi apoiado por todos os ex-presidentes do CDS”, disse.

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