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Liga dos Campeões essencial para o lucro na FC Porto SAD

As vendas de jogadores permitiram encaixar 44 milhões e 853 mil euros líquidos. Fábio Silva rendeu 25 milhões. Evanilson custou 8,6 milhões. As comissões pagas pelas transferências de Fábio Silva e Alex Telles totalizaram 18,7 milhões.
12 Fevereiro 2021, 23h36

As receitas obtidas na primeira fase da Liga dos Campeões foram essenciais para que o FC Porto pudesse ter apresentado no primeiro semestre do exercício de 2020/21 um saldo positivo de 34 milhões e 450 mil euros. Este resultado compara com os 51 milhões e 854 mil euros negativos do período homólogo, no qual o FC Porto foi eliminado pelos russos do Krasnodar e teve de disputar a Liga Europa.

No relatório consolidado das contas, divulgado hoje (sexta-feira, 12), a SAD portista explica que “embora se mantenha a interdição dos estádios ao público, e a consequente inexistência de receitas de bilheteira e Corporate Hospitality” (receitas dos camarotes de empresa), os proveitos operacionais em tempos de pandemia, excluindo proveitos com passes de jogadores, “aumentaram significativamente, atingindo agora os 94 milhões e 777 mil euros”

Os custos operacionais excluindo custos com passes de jogadores também subiram neste período, sobretudo em função dos prémios pagos aos jogadores e equipa técnica pelas vitórias na Liga e na Taça de Portugal: 9,5 milhões de euros no total.

A SAD do FC Porto informou o mercado que as  rubricas relacionadas com passes de jogadores “tiveram um contributo bastante positivo, na ordem dos 28 milhões e 185 mil euros, para as contas da Sociedade, tanto pelos resultados obtidos com transações de passes, como pelas amortizações e perdas por imparidade com passes de jogadores”.

Vendas e compras de jogadores

Neste particular, soube-se que a venda de jogadores neste período, descontando o pagamento de comissões (custos de intermediação), somou em termos líquidos 44 milhões e 853 mil euros euros, assim distribuídos (em euros): Fábio Silva (Wolverhampton), 25.057.457; Alex Telles (Manchester United), 11.199.820; Chidozie (Boavista), 3.538.512; Tiquinho Soares (Tianjin Teda), 3.460.040 e Osório (Parma), 1.003.618.

De fora destas contas está a transferência de Nakajima, concretizada já depois do final de 2020.

No que diz respeito a compras de jogadores são individualizados os custos de Evanilson (8.698.630 euros por 80% do passe), Taremi (4.887.416 por 85%), Zaidu (4.275.762 por 100%) e Toni Martinez (3.433.925 por 75%). Surge depois a verba de 5.275.859 euros (2.275.859 dos quais referentes a comissões, quase metade) de “outros” jogadores, nos quais estarão Nanu, Cláudio Ramos, Carraça e taxas relativas a empréstimos, como os de Sarr, Felipe Anderson e Grujic, para um total de 26.275.859 (que compara com um investimento muito superior no período homólogo quando chegaram ao Dragão Zé Luís, Nakajima, Uribe, Luís Diaz, Marchesin, Marcano, entre outros: 58.979.351 euros).

As maiores comissões foram pagas nas transferência de Fábio Silva (14.942.543 euros) e Alex Telles (3.800.180 euros)

Passivo quase nos 500 milhões

A SAD do FC Porto revela que o ativo se situa, a 31 de dezembro, nos 380.339m€, registando um aumento global de 79.699m€ face a 30 de junho, “principalmente devido ao acréscimo dos valores a receber de clientes e do montante que a Sociedade tinha em caixa”. O passivo ascende a quase 500 milhões de euros (497.339.149)

A este propósito, o conselho de administração da SAD reconhece que a acumulação de défices de exploração desencadeou constrangimentos de tesouraria circunstanciais mas salienta que “a continuidade das operações do Grupo se encontra assegurada”.

No relatório pode ler-se: “Embora as demonstrações financeiras do Grupo, em 31 de dezembro de 2020, evidenciem um total do capital próprio negativo em aproximadamente 117 milhões de euros e um passivo corrente superior ao ativo corrente em cerca de 158 milhões de euros (186 milhões de euros em 30 de junho de 2020)”, a melhoria virá de “financiamento entretanto obtidos ou em vias de formalização, na renegociação de prazos de vencimento de atuais financiamentos; na realização de uma operação financeira para reestruturação do passivo, de forma a assentar uma parte significativa no longo prazo, bem como na previsão do eventual encaixe financeiro e/ou financiamento de créditos garantidos com a alienação de direitos desportivos de jogadores, tal como tem vindo a ser prática nos exercícios anteriores”.

No relatório da FC Porto SAD também se fala do cumprimento do Fair Play financeiro da UEFA, realçando-se que “os orçamentos de tesouraria são coerentes com as medidas orientadas para o equilíbrio orçamental a médio e longo prazo que emergiram do acordo assinado com a UEFA e tornado público no início do mês de junho de 2017, no qual se estabeleceram um conjunto de requisitos e obrigações que conduzam o FC Porto ao reequilíbrio financeiro”, e de acordo com as normas da UEFA.

O valor da Liga dos Campeões

A pandemia devida à COVID-19 fez, como seria de esperar, sentir-se nas contas operacionais. A FC Porto SAD perdeu 12% das receitas nas áreas de merchandising e bilheteira. Valeram no período homólogo 16% (8% cada), para um total de 8 milhões e 458 mil euros, tendo agora estas duas rubricas permitido arrecadar cerca de metade, 4 milhões e 435 mil euros.

Como se esperava, a boa notícia veio da carreira da equipa de Sérgio Conceição na Champions: 55,897 milhões contra 9,397 obtidos na Liga Europa do ano anterior – um saldo positivo de 46,5 milhões de euros.

De salientar que não estão ainda contabilizados nas contas os 9,5 milhões de euros da qualificação para os oitavos-de-final que o FC Porto disputará  brevemente com a Juventus.

Subiram também as verbas oriundas dos direitos televisivos (cerca de 4 milhões de euros) e baixaram as da publicidade e patrocínios (4 milhões e 300 mil euros).

Tecido accionista

No relatório encontra-se ainda detalhado o tecido accionista. O FC Porto detém a maioria das ações, controlando 74,59% dos votos (75,99% se somarmos os 1,33% detidos diretamente por Pinto da Costa e outras percentagem residuais de pequenos accionistas que fazem parte dos corpos gerentes do clube). Participações qualificadas têm também os irmãos Oliveira. António Oliveira detém 7,34% dos votos e Joaquim Oliveira, através da Olivedesportos SGPS, vale 6,68% em assembleia geral de accionistas.

No relatório são também analisadas as contas das restantes unidades empresariais do universo portista, como a PortoComercial, FC Porto Multimédia, PortoEstádio, Porto Seguro, FC Porto-Media SA, Euroantas, Avenida dos Aliados, Sociedade de Comunicaçao e Miragem, Produção Audiovisual SA.

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