A Fosun, que controla a seguradora Fidelidade (onde detém 85% do capital) e é a maior acionista do BCP com 27,25%, perdeu o investimento que tinha feito no grupo britânico que opera na indústria global do turismo, Thomas Cook, mas a Moody´s diz que a liquidação dessa empresa tem um impacto limitado sobre o perfil de crédito da empresa chinesa.
“A liquidação do Thomas Cook Group tem impacto limitado sobre o perfil de crédito da Fosun”, diz a Moody´s num relatório recente.
A 23 de setembro o Thomas Cook Group plc (Thomas Cook), uma empresa de viagens do Reino Unido anunciou que entrou em liquidação compulsória.
“As duas principais subsidiárias da Fosun International Limited (Fosun, Ba2 estável), a Fosun Tourism e a Fidelidade, detinham em conjunto 18,6% das ações da Thomas Cook no final de junho de 2019, tornando a Fosun o maior acionista da empresa de viagens”, lê-se no relatório da Moody´s.
O Eco noticiou que a falência do operador turístico Thomas Cook obriga a seguradora Fidelidade a registar perdas de 16 milhões de euros até ao final deste ano.
A liquidação de Thomas Cook tem um impacto limitado no perfil de crédito da Fosun, porque quer a Fosun Tourism, quer a Fidelidade reconheceram a maioria das perdas, através da constituição de imparidades para o valor do investimento em 2018 e
durante o primeiro semestre de 2019 e, portanto, o reconhecimento adicional de perdas com a liquidação da empresa será limitado”, explica a agência de rating.
“Além disso, acreditamos que a liquidação terá um impacto limitado no fluxo de caixa futuro da Fosun e na alavancagem baseada no valor de mercado, porque a Fosun possui uma carteira de investimento elevada e altamente diversificada, e que totalizava cerca de 229 mil milhões de renminbi [29,4 mil milhões de euros] no final de 2018”.
No entanto, a liquidação de Thomas Cook reflete os riscos de execução da Fosun no exterior estratégia de investimento, diz a Moody´s que salienta que apesar da liquidação de Thomas Cook, a Fosun tem um forte apetite pelo investimento e um histórico de investimentos em negócios financeiramente fracos, com a finalidade de fazer o turn-around.
A Fosun identificou a cultura e o turismo como um dos principais temas estratégicos de seu investimento.
Apesar da liquidação de Thomas Cook, a Fosun tem um bom histórico de aquisição e desenvolvimento de negócios relacionados com a cultura e com o turismo nos últimos anos, como os seus investimentos no Club Med e no complexo Atlantis Sanya na ilha chinesa de Hainan.
A Fosun investiu pela primeira vez na Thomas Cook em março de 2015, quando adquiriu 5% das ações da agência de viagem por 91,8 milhões de libras (103,5 milhões de euros).
A Thomas Cook – que está há 178 anos em actividade – registou um prejuízo de 1,5 mil milhões de libras no seu primeiro semestre fiscal, depois de ter sofrido perdas superiores a 1,1 mil milhões na sua actividade principal de venda de pacotes turísticos. A dívida total ascendia a 1,25 mil milhões de libras (1,4 mil milhões de euros) e a tesouraria estava sob uma crescente pressão de falta de financiamento.
A participação de cerca de 18,6% na Thomas Cook imputada à Fosun tinha o valor contabilístico de aproximadamente 327 milhões de renminbi (aproximadamente 41,95 milhões de euros).
“Portanto, o pedido de liquidação compulsória da Thomas Cook tem um impacto financeiro limitado no Grupo”, diz a Fosun em comunicado.
A Fosun garante que “não adquiriu mais ações da Thomas Cook após 30 de junho de 2019”. A empresa chinesa diz que “gostaria de esclarecer que o Grupo nunca forneceu nenhuma garantia à Thomas Cook e não fez nenhum investimento em relação à possível recapitalização da Thomas Cook.
Em julho era notícia que a Fosun estava a negociar um pacote financeiro para recuperar a agência de viagens britânica.
O grupo chinês previa injectar 750 milhões de libras (845 milhões de euros) na sequência de um processo negocial que durava há alguns meses. Segundo noticiou o The Guardian, a Fosun ficaria como maior accionista da unidade de venda de pacotes turísticos e com uma participação minoritária na companhia aérea, se a injeção se concretizasse, o que não aconteceu.
A Fidelidade detém indiretamente uma participação de cerca de 7% no operador turístico britânico Thomas Cook; segundo noticiou o Eco. Para além da Fidelidade, outras seguradoras investiram na Thomas Cook. É o caso da Aviva, Standard Life. Outros investidores são o fundo BlackRock, o banco Barclays, entre outros. Os ativos que irão para a massa falida para ressarcir os credores reconhecidos, irão ditar a dimensão real das perdas.
Fonte da Fidelidade ao Jornal Económico não se mostrou preocupada com a exposição à Thomas Cook, uma vez que as perdas são muito inferiores às registadas em 2011 com dívida grega ou depois em 2014 com o BES.
O BCP não tem exposição a esta empresa, disse fonte ao Jornal Económico.
Liquidação da Thomas Cook deixa 500 hotéis em Espanha à beira da falência
Segundo a Plubituris, a Confederação Espanhola de Hotéis e Alojamentos Turísticos estima que a falência da Thomas Cook possa levar ao encerramento imediato de cerca de 500 unidades hoteleiras em Espanha. A publicação especializada diz que as consequências podem ser ainda mais graves, caso o governo espanhol não tome medidas para atenuar os efeitos do desaparecimento de um dos maiores operadores turísticos do mundo.
A dívida da Thomas Cook às unidades hoteleiras deverá rondar os 200 milhões de euros, segundo as primeiras estimativas oficiais. Segundo a Publituris só a soma de oito cadeias ronda os 100 milhões de euros.
Há a possibilidade de só depois de 6 de outubro, data limite para as seguradoras cobrirem as despesas dos turistas que viajaram com a Thomas Cook, se conhecer realmente a dimensão da dívida do operador. Segundo a Publituris, dos 500 hotéis em risco de encerrar portas, Juan Molas diz que, pelos menos, 100 dependiam exclusivamente da Thomas Cook, enquanto os restantes 400 representavam um volume de clientes entre 30% e 70%.
As ilhas Canárias e Baleares devem ser os destinos espanhóis mais afetados pela falência da Thomas Cook, representando 40% da hotelaria atingida por esta crise, seguindo-se a Costa Del Sol, na Andaluzia, com 20%, bem como a Catalunha e Valência, com 10% de unidades afetadas, avança a publicação.
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