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Lira turca afunda para mínimos históricos com conflito azeri-arménio

A Turquia, cuja divisa tem desvalorizado fortemente ao longo do último ano, poderá estar prestes a entrar noutra frente para a qual lhe falta capacidade económica e política de resolução, alertam os especialistas.
  • Recep Tayyip Erdogan
28 Setembro 2020, 17h55

A lira turca atingiu hoje mínimos históricos face ao dólar americano, isto numa altura em que as tensões entre a Arménia e o Azerbaijão ameaçam a a estabilidade na região e podem contaminar a situação interna turca.

A divisa turca desvalorizou 2,1% face ao dólar, que chegou a valer 7,8325 liras. Esta desvalorização representa uma queda de aproximadamente 24% desde o início do ano. A moeda da Turquia também desvalorizou face ao euro e à libra, tendo a sua cotação chegado a 9,1416 e 10,0974, respetivamente. Desde 2004 que o câmbio lira-libra não chegava às dezenas.

A lira era já uma das divisas com pior prestação este ano, dada a complicada situação financeira do país, que tem experienciado taxas de juro reais negativas e forte inflação associadas à desvalorização da moeda.

Na semana passada, o banco central turco havia surpreendentemente subido as taxas de juro, uma medida que teve um impacto positivo na cotação da moeda, mas que rapidamente foi ultrapassado pela crescente preocupação com o conflito azeri-arménio, onde a Turquia tem fortes interesses e até forças envolvidas.

O Azerbaijão, um aliado histórico dos turcos, envolveu-se na madrugada de segunda-feira em confrontos com tropas arménias em Nagorno-Karabakh, uma zona de maioria arménia dentro das fronteiras azeris. Recep Tayyip Erdoğan veio já avisar que os arménios terão de retirar da região, aumentando as preocupações dos mercados com nova envolvência truca num conflito que tem pouca capacidade económica e política para travar.

A Turquia encontra-se ainda envolvida na guerra civil síria, em tensões no Mar Mediterrâneo com gregos e cipriotas e a financiar e equipar o governo líbio de Tripoli, que conta com o reconhecimento da comunidade internacional ocidental.

Foram já vários os atores a apelar ao cessar-fogo em Nagorno-Karabakh, com a UE, Rússia e EUA a pedirem diálogo entre ambas as partes. Também o Irão se manifestou a favor de uma solução pacífica, tendo-se mostrado disponível para mediar as conversações entre ambas as partes.

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