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Lisboa e Vale do Tejo sem descontrolo mas com dificuldade em quebrar cadeias de transmissão, admite Marta Temido

Sobre um possível descontrolo da situação de novas infeções, a ministra da Saúde admitiu, em entrevista à RTP, que “não se pode falar em descontrolo” mas sim “numa situação de dificuldade em quebrar cadeias de transmissão que se tem mantido de forma persistente”.
  • Marta Temido, ministra da Saúde
2 Julho 2020, 12h59

A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu que não existe descontrolo na situação epidemiológica de Lisboa e Vale do Tejo, apesar do aumento de casos de infeção do novo coronavírus que se deve, no entender da governante, a dificuldades em quebrar as cadeias de transmissão nos concelhos que se mantêm em alerta, revelou em entrevista à RTP no programa ‘Grande Entrevista’.

Depois do pico ter sido atingido no fim de março e da curva de transmissão da doença ter começado a diminuir no país, a região de Lisboa e Vale do Tejo continuou a verificar um aumento de casos, superando já a zona Norte, com mais de 19 mil casos.

Questionada sobre um possível descontrolo da situação de novas infeções, a ministra da Saúde admite que “não se pode falar em descontrolo” mas sim “numa situação de dificuldade em quebrar cadeias de transmissão que se tem mantido de forma persistente”. “Para nós dizermos que tínhamos um descontrolo tínhamos de ter um crescimento exponencial, e não é isso a que estamos a assistir”.

Marta Temido falou que a primeira fase da doença, entre março e abril, “causou uma expectativa que fosse um problema ultrapassado com maior facilidade do que aquilo que foi na realidade e que pudéssemos ter o país homogeneamente a responder da mesma forma e não é isso que está a acontecer, como se sucede nos outros países”.

“Em Lisboa e Vale do Tejo, o decréscimo não foi tão acentuado como nas demais regiões e têm-se mantido num planalto”, afirmou Marta Temido. “A situação exige ponderação, reflexão e o cuidado que uma pandemia exige, com um vírus que é novo, muito desconhecido no seu comportamento e que tem uma grande transmissibilidade e um efeito bastante adverso” em cidadãos com doenças prévias e com idades avançadas.

Marta Temido assumiu que o aumento de internados e de casos de infeção tem afetado a retoma da atividade assistencial programa na região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo essa a maior consequência que se tem verificado. Ainda assim, a ministra da Saúde explica que a percentagem de internados se tem mantido estável na região, à semelhança dos Cuidados Intensivos. “É uma situação, sobretudo, de sobressalto que não nos deixa estar tranquilos e é essa a maior preocupação”, referiu.

Face aos hospitais mais pressionados, a ministra assume que em “Lisboa e Vale do Tejo há dois hospitais com maior pressão, que são o Amadora-Sintra, por força dos concelhos que serve, e o Beatriz Ângelo, que funciona para Covid e não Covid”. A região conta com 6.100 camas, sendo que à data de ontem, 1 de julho, estavam ocupadas 503 com doentes infetados, além de existirem 271 camas nos Cuidados Intensivos para adultos, com 95 reservadas para os doentes infetados, sendo que não estão todas ocupadas. Desta forma, a ministra assume que a capacidade está longe do limite, apesar de em alguns hospitais isso acontecer.

Nos concelhos que se mantiveram em alerta devido ao número de casos, a ministra garante que existem indícios “que nas zonas com mais população e mais contactos há maior risco de transmissão que, consequentemente, geram cadeias de transmissão mais difíceis de quebrar”. “Os concelhos em alerta são zonas densamente populosas, onde as pessoas circulam muito e onde é difícil intervir pela multiplicidade de contactos”, disse a ministra ao programa da RTP.

“Quando há picos de afluência há desvio de doentes para hospitais com mais capacidade”, disse Marta Temido ao ‘Grande Entrevista’, afirmando que os doentes foram deslocados para “Santarém e Médio Tejo para preservar a capacidade de resposta da coroa de Lisboa” e que a opção de colocar os doentes num ponto mais longe se deveu a segurança.

Face aos surtos no IPO de Lisboa, no hospital Egas Moniz e no hospital de Torres Vedras, Marta Temido sustentou que este é um “fenómeno muito frequente” e que a lógica de testagem aos profissionais de saúde se deve ao facto de estes poderem contaminar terceiros com maior facilidade por estarem na primeira linha da frente ao combate do vírus.

Os testes nestas instituições também permitiram identificar situações assintomáticas de casos e travar as cadeias de transmissão o mais cedo possível. “A deteção precoce destes casos [assintomáticos] permite limitar o número de cadeias de transmissão, porque se consegue identificar os contactos e colocar as pessoas em isolamento”, defendeu a ministra.

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