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Lista ‘negra’ continua a aumentar. Mais de 100 mil espécies estão em vias de extinção

A UICN tem vindo a avaliar os níveis de conservação de animais, insetos e plantas ao redor do mundo desde 1964. Só este mês foi revelado que aproximadamente nove mil espécies foram adicionadas à lista, após serem consideradas em risco, elevando o total de animais ameaçados para 105.732.
23 Julho 2019, 21h59

É a primeira vez que acontece, mas a perspetiva é de aumento. Mais de 100 mil espécies estão agora na lista internacional de espécies animais ameaçadas, avança a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Só este mês foi revelado que aproximadamente nove mil espécies foram adicionadas à lista, após serem consideradas em risco, elevando o total de animais ameaçados para 105.732. Deste valor total, mais de 28 mil animais estão a ser ameaçados com a extinção, sendo este número um terço de todas as espécies avaliadas.

A UICN tem vindo a avaliar os níveis de conservação de animais, insetos e plantas ao redor do mundo desde 1964. Este ano, é a primeira vez que a lista apresenta o maior número de espécies em risco. A diretora do centro, Grethel Aguilar, admitiu que “com mais de 100 mil espécies agora avaliadas para a lista vermelha da UICN, esta atualização mostra claramente o quando os seres humanos de todo o mundo estão a explorar a vida selvagem”.

Grethel Aguilar assumiu ainda que “devemos despertar para o facto de que conservar a diversidade da natureza é do nosso interesse e é absolutamente fundamental para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

Da avaliação desta organização, o grupo mais afetado são os peixes, que apresentam um declínio acentuado ao nível da ameaça, nomeadamente os peixes de água doce. Metade de todas as espécies de água doce nativas do Japão estão sob ameaça de extinção e o mesmo acontece com um terço das espécies nativas do México. Estas perdas têm sido verificadas devido à poluição agrícola e urbana, bem como à perda de rios de fluxo livre e à pesca insustentável.

O responsável por estudar a biodiversidade de água doce, William Darwall, explicou que “as espécies de peixes de água doce, que chegam quase a 18 mil, estão a sofrer um declínio global dramático e amplamente desconhecido, que ficou evidentemente com os altos níveis de extinção destas espécies no Japão e México”.

“A perda dessas espécies iria privar biliões de pessoas de uma fonte crítica de alimentos e renda, e poderia ter repercussões em ecossistemas inteiros. De forma a acabar com esse declívio, precisamos urgentemente de políticas sobre o uso humano de água doce que permitam atender às necessidades de muitas outras espécies que partilhem esses ecossistemas”, explicou William Darwall.

Russ Mittermeier, responsável pelos primatas na organização, sublinhou que a “África Ocidental é uma das áreas mais prioritárias no planeta para a conservação dos primatas”. O estudo da UICN revelou ainda que seis das sete espécies de primatas existentes em África Ocidental estão a desaparecer devido à desflorestação e à caça selvagem.

De forma a proteger estas espécies, os responsáveis da UICN esclarecem que é necessário criar novas áreas protegidas, e fazer uma melhor manutenção das já existentes.

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