Sophy Roberts tem o condão de descobrir histórias fascinantes a partir de elementos aparentemente banais. Depois de uma exploração exaustiva dos pianos levados para a Sibéria pelas grandes famílias russas que lá foram exiladas – este seu primeiro livro está publicado em Portugal pela Temas e Debates com o título “Os Pianos Perdidos da Sibéria” –, a jornalista inglesa parte numa viagem na senda de quatro elefantes que também foram vítimas de Leopoldo II da Bélgica (para além dos muitos milhões de congoleses que morreram nessa altura).
Para o rei belga, o então chamado Estado Livre do Congo (1885-1908) era sua propriedade absoluta, uma espécie de coutada particular, até ser anexado à Bélgica. Convencido de que o problema dos transportes em África se resolveria recorrendo a elefantes amestrados e, não os havendo em África, o rei teve a ideia de importar alguns paquidermes da Índia, juntamente com os seus cornacas, para abrir uma escola. Uma vez contratado o explorador irlandês Frederick Carter, tem início uma viagem que foi um verdadeiro martírio para todos os envolvidos – o clima, a malária, tribos hostis, a dificuldade das deslocações, são inúmeros os exemplos de como a exploração de África no século XIX resultou em tragédia.
Ao seguir as pegadas do irlandês, da Índia ao lago Tanganica, passando por Zanzibar, Sophy Roberts encontra comerciantes de marfim, freiras católicas e líderes locais, mas nenhuma racionalidade naquela tremenda aventura. O resultado é este “A Training School for Elephants”, editado pela Penguin.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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