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LIVRO: “A Volta ao Mundo em 80 Dias”

Eis um livro que é uma redescoberta a cada leitura e que nos torna cúmplices das extraordinárias aventuras de Phileas Fogg e Passepartout ao longo do seu périplo mundo fora.
23 Maio 2020, 10h10

Um clássico da literatura é um livro intemporal, que acompanha as várias gerações ao longo do tempo e que consegue resisitir às inevitáveis consequências da passagem dos anos, dos costumes e dos gostos. Também é um livro que ganha atualidade a cada (re)leitura; ou “apenas” que nos remete para a infância, terreno por vezes tão nostálgico como imaginário ou idealizado. “D. Quixote”, de Cervantes, “Gulliver”, de Jonathan Swift, ou este “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, de Jules Verne, ou Júlio Verne como se usava antigamente.

 

 

A história é conhecida de todos, mesmo quando só a conhecem através de uma das inúmeras adaptações para cinema: Phileas Fogg, um gentleman inglês, aposta com os membros do seu clube, o Reform Club, que será capaz de dar a volta à Terra em 80 dias. Decidido a vencer a aposta, parte imediatamente com o seu criado Jean, um desenvolto parisiense conhecido por Passepartout. Da imprensa britânica só o Daily Telegraph acredita nas suas possibilidades. Fogg tem de estar de regresso a Londres no dia 21 de dezembro, sábado, às 20h45.

Suspeito de ser o responsável por um audacioso roubo ao Banco de Inglaterra, Phileas Fogg e Passepartout vão ser perseguidos ao longo da viagem pelo detetive Fix, que não consegue prendê-lo, pois não só o respetivo mandato chega sempre demasiado tarde como também o detetive é pouco lesto.

Os diferentes países que atravessa, as suas variadas aventuras, os estratagemas usados para vencer os inúmeros obstáculos, o modo como Phileas Fogg luta contra o tempo sem perder a fleuma britânica e as singulares personalidades de Passepartout e do detetive Fix fazem deste romance um dos melhores de Júlio Verne e um dos mais populares desde o seu surgimento em 1873.

Jules Verne (1828-1905) nasceu em Nantes e é considerado um dos pais da literatura de ficção científica. Enquanto trabalhava em Paris, na Bolsa, estudava na Biblioteca Nacional e sonhava numa forma de combinar factos científicos com ficção de aventuras. O seu primeiro livro deste género, “Cinco Semanas em Balão” (1863), teve tamanho êxito internacional que lhe permitiu demitir-se da Bolsa e dedicar-se à escrita a tempo inteiro. Seguir-se-iam 40 anos de criações literárias, resultando em mais de 60 títulos.

Muitos dos objetos que aparecem nas suas histórias viriam a ser mais tarde criados por cientistas, inventores e exploradores, como o submarino e o escafandro com botija de ar (de “Vinte Mil Léguas Submarinas”), o ponto de partida de uma nave (“Viagem à Lua”) é extremamente próximo de Cabo Canaveral, e as suas descrições geológicas (por exemplo, em “Viagem ao Centro da Terra”, que tem lugar na Islândia) são ainda hoje fascinantes.

Há várias edições, mas a da Relógio d’Água que aqui destacamos tem a vantagem acrescida de ter ilustrações.

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