O Museu da Paisagem dedicou um Atlas à geógrafa Suzanne Daveau, organizado por Duarte Belo e Madalena Vidigal. “Atlas Suzanne Daveau” apresenta dezenas de fotografias da sua autoria, compondo um álbum de uma vida extraordinária e, ao mesmo tempo, um livro lindíssimo.
A viagem de Suzanne começa em Paris, em 1925. É nessa cidade que, aos onze anos, tira as primeiras fotografias, seguindo a prática do seu avô e a sensibilidade da sua mãe. Os Alpes vão ser um destino frequente nas férias de juventude. Mais tarde, não desperdiça a oportunidade de ir trabalhar em África, na Universidade de Dakar.
Das mais altas montanhas da Europa para a orla do mais tórrido deserto, é o seu amor por Orlando Ribeiro que a traz a Portugal e aqui a faz ficar. A vivacidade do seu olhar é o de uma mulher de uma inabalável determinação e curiosidade pelo conhecimento do mundo. O seu rosto, hoje, é o mapa que foi desenhando ao longo de décadas, ou o atlas, condensado, de uma singular beleza.
A sua carreira inicia-se pelo ensino primário, mas seria quase toda a vida professora universitária em Besançon, Dakar, Reims e, depois, Lisboa. Investigou em temas variados como Geomorfologia e Climatologia, Geografia Histórica e Regional, História da Geografia e Cartografia. A partir de 1965 colaborou estreitamente com Orlando Ribeiro (1911-1997), com quem casou.
Entre as suas obras destacam-se “Les Régions Frontalières de la Montagne Jurassienne” (tese de doutoramento, 1959), “O Ambiente Geográfico Natural” (1970, e já com 5.ª edição em 2019), “La Zone Intertropicale Humide” (com Orlando Ribeiro, 1973), “Distribuição e Ritmo de Precipitação em Portugal” (1977), “Portugal, o Sabor da Terra” (com José Mattoso e Duarte Belo, 1998, e 2.ª edição em 2010) e “Um Antigo Mapa Corográfico de Portugal” (2010).
Este “Atlas Suzanne Daveau” constitui, com “O Ambiente Geográfico Natural”, um díptico que faz uma introdução sumária ao pensamento geográfico de Suzanne Daveau. São as suas palavras e as suas imagens destinadas a um público generalista. Do seu trabalho científico vasto fica esta introdução geográfica ao planeta que habitamos. É uma visão clarividente, lúcida e fascinante no seu poder de síntese.
As fotografias são, para Suzanne Daveau, uma ferramenta de trabalho. São registos informais, quase sempre para fixar a memória de um lugar, um ponto de vista, pois a geografia, para esta mulher extraordinária, envolve interpretação da paisagem. Assim, é com um tremendo assombro por esta geógrafa-intérprete que percorremos o seu Atlas, espreitamos as suas vistas, partilhamos o seu olhar.
Aqui fica a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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