
Não é novidade que turistas visitam cemitérios. A curiosidade que estes lugares despertam não tem nada de mórbido. Uns procuram campas de pessoas famosas, outros vão pela arquitetura ou obras de arte, outros, ainda, pela serenidade do lugar, refúgio no meio da agitação citadina, uma outra forma de ver este fenómeno de um prisma menos lúgubre.
Basta pensar nos campos-santos parisienses de Père Lachaise (onde estão Marcel Proust, Edith Piaf, Oscar Wilde ou Jim Morrison) e de Montparnasse (Baudelaire, Simone de Beauvoir ou Marguerite Duras), ou no da Recoleta, em Buenos Aires (Evita Perón, Adolfo Bioy Casares, Silvina Ocampo ou Victoria Ocampo), que estão entre os que mais pessoas atraem. Mais recentemente, também o lisboeta Cemitério dos Prazeres tem acolhido um número razoável de visitantes.
Cada cultura tem a sua forma de lidar com a morte e, no México, esta é já, também, uma atração turística. Entre nós, contudo, ainda é um tema tratado com pinças, pelo que poderá haver alguma estranheza na receção deste “Portugal de Morte a Sul”.
Nele, Rafaela Ferraz, licenciada em Criminologia e Mestre em Medicina Legal, faz uma espécie de roteiro que tem início nos cemitérios e progride até aos museus, pois considera que estes são espaços em que a morte está presente tanto simbolicamente – através de metáforas visuais e artísticas –, como fisicamente – através da presença física do corpo sem vida, acomodado em caixões ou exposto em vitrinas. Na fronteira entre guia de viagens e ensaio sobre a mortalidade, o livro é editado pela Quetzal.
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