O tema tem preocupado mais as empresas do que as famílias. As dificuldades logísticas globais têm dificultado as operações e terão, a muito curto prazo, impacto nos preços e na disponibilidade dos bens de grande consumo. Será que 2022 nos trará um alívio no supply chain?

Em fevereiro de 2020, ainda a Covid-19 era “apenas” um problema da China e já se sentiam os efeitos a Ocidente. Com a pandemia temeu-se uma recessão mais prolongada do que em 2008.

No curtíssimo prazo houve, de facto, uma paralisia, mas um tsunami de estímulos fiscais e monetários acabou por provocar um choque de procura ao qual a oferta mundial não conseguiu responder.

Os transportes, os semicondutores e a falta de pessoal são, provavelmente, as faces mais visíveis dos constrangimentos na oferta.

Mesmo com a globalização mais condicionada, os desequilíbrios tenderão a normalizar. No entanto, receia-se que o reequilíbrio possa só suceder em meados de 2022 e que resulte numa recessão por excesso de oferta.

Os próximos meses trarão várias datas exigentes do lado da procura: Black Friday, Black Monday, Natal e Ano Novo chinês (em fevereiro) e estaremos perante uma crise energética suscetível de aumentar ainda mais a inflação, introduzindo mais atrito na atividade económica.

A sensação de escassez está a levar empresas a comprarem mais do que normalmente precisariam, com receio de falta de matérias-primas, tal como aconteceu na primavera de 2020 quando as famílias temeram por falta de bens essenciais, provocando um excesso de procura num mercado já com dificuldades em responder. Muitas empresas passaram do just-in-time, para o just-in-case!

O excesso de procura poderá dar lugar a um excesso de oferta em meados de 2022. Há muita carga em trânsito, stocks a ficarem repletos e estímulos em vias de serem cortados. Não será uma enorme surpresa se na segunda metade de 2022 a atividade regredir devido a este efeito.