Daqui a um ano o Novobanco não será o mesmo. A probabilidade de o Novobanco se manter como banco autónomo é cada vez mais reduzida. O Jornal Económico sabe que a Lone Star, um fundo de private equity, quer despachar a venda do Novobanco para encaixar a mais valia e partir para outros investimentos.
Posto isto, o cenário de um IPO (Oferta Pública Inicial), ou seja entrada em bolsa com venda de até 30% do capital, ainda está em cima da mesa, mas claramente já não é o único cenário. A Lone Star está a ponderar seriamente a venda direta ao BPCE Group (dono do Natixis) ou ao Caixabank.
Num cenário de venda direta, é preciso não esquecer que o Estado assegurou que vende ao mesmo preço da Lone Star (mecanismo tag along), mas o maior acionista poderá também forçar o Estado (Direção-Geral do Tesouro e Finanças) e o Fundo de Resolução a venderem a sua posição (mecanismo drag along).
O Estado não é obrigado a acompanhar a Lone Star no IPO, mas garantiu que terá as mesmas condições dos outros dois acionistas se decidir participar na operação, incluindo em termos de preço. Num processo de venda direta, o cenário é diferente.
Neste caso, não havendo IPO e não estando o Governo em exercício pleno de funções, haverá o risco de o Novobanco passar mesmo para controlo estrangeiro, o que terá levado Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, a deixar o alerta numa entrevista.
Joaquim Miranda Sarmento manifestou-se esta quarta-feira contra a crescente presença de bancos espanhóis no país e sublinhou que a concentração excessiva do mercado em bancos de um só país é indesejável. No entanto nada disse do BPCE Group (dono do Natixis). O Banque Populaire Caisse d’Epargne é um importante grupo bancário francês formado pela fusão em 2009 de dois grandes bancos de retalho, o Groupe Caisse d’Épargne e o Groupe Banque Populaire.
Na entrevista à RTP 3, o ministro das Finanças referiu que a banca espanhola já representa pouco mais de um terço do mercado português e, “por razões de concentração e dependência, este valor não deverá aumentar”. “Sempre que há uma concentração excessiva num determinado segmento, temos problemas de concorrência”, afirmou.
A “decisão cabe à Lone Star com 75%” e será uma solução de mercado, disse o ministro, “mas em todo o caso, a banca espanhola representa já pouco mais de um terço do mercado bancário português e eu creio que por uma questão de concentração e de dependência essa quota de mercado não devia subir”, acrescentou.
O CaixaBank está a planear avançar para a compra do Novobanco, apesar das objeções do Governo português, e prepara uma oferta acima dos três mil milhões de euros.
O ministro das Finanças, confrontado com as declarações de Paulo Macedo relativas ao avanço da Caixa Geral de Depósitos para o Novobanco – onde o CEO disse que o “board” da Caixa ainda não tomou nenhuma decisão e o acionista Estado também ainda não tinha dado nenhuma orientação sobre isso – disse que “se a CGD analisar as condições de mercado e entender que pode fazer uma proposta sozinha ou em conjunto com outro banco, terá de fazer uma proposta ao acionista e o acionista pronunciar-se-á sobre uma proposta concreta”.
A frase “sozinha ou com outro banco”, sugere que há um cenário de repartição de ativos do Novobanco, que desta forma deixaria de existir como banco autónomo.
Paulo Macedo, CEO da CGD, já disse que não poderia ficar com uma quota de mercado de 40%, porque a Autoridade da Concorrência não deixaria, mas tem interesse na banca de empresas, onde a Caixa está claramente abaixo da quota de mercado natural. No entanto, o CEO da CGD reconheceu que a separação do Novobanco seria “muito complexa”.
As declarações do CEO da CGD sugerem que hoje o optimismo é menor em relação à compra do Novobanco, ao contrário do início do ano.
O BCP está também na lista para comprar o Novobanco, mas Miguel Maya baixou as expetativas, provavelmente porque não quer empolar o preço do banco que já foi alvo de avaliações entre os três mil milhões e os sete mil milhões de euros.
No entanto o cenário de um IPO ainda não morreu. O Novobanco disse recentemente que pode realizar uma oferta pública inicial já em junho e a Lone Star (dona de 75% do Novobanco) entregou um draft do prospecto do IPO no início do mês à CMVM.
Num cenário de um IPO de 30% do Novobanco (o intervalo mais alto da estimativa que oscila entre 20% a 30%), que ainda está em cima da mesa, o Fundo de Resolução e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), se acompanharem o IPO promovido pelo maior acionista, Lone Star, só conseguem vender no conjunto 7,5% do Novobanco (4,06% o Fundo de Resolução e 3,44% a Direção do Tesouro).
O Novobanco está a ser assessorado pelos bancos Deutsche Bank, JP Morgan e Bank of America, e a operação IPO foi batizada, segundo fontes do mercado, de Projeto Liberdade.
O Fundo de Resolução está a ser assessorado pelo Nomura.
Já o CaixaBank contratou dois assessores financeiros ara avaliar a compra do Novobanco, a Deloitte e o Morgan Stanley. O empenho do CaixaBank é grande e o BPI precisa de alavancas para crescer e para isso uma fusão com o Novobanco seria o caminho mais rápido e mais eficaz.
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