Os lucros da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), operadora petrolífera estatal moçambicana, caíram para metade em 2024, somando 1.737 milhões de meticais (23,4 milhões de euros), segundo dados oficiais consultados hoje pela Lusa.
Este desempenho contrasta com os resultados líquidos positivos de 3.580 milhões de meticais (48,2 milhões de euros) em 2023, que foram então um crescimento de sete vezes no espaço de um ano, justificado nesse ano, segundo a administração, com o “aumento considerável das receitas de vendas de gás natural”.
Já segundo o documento, com as demonstrações financeiras a 31 de dezembro de 2024, além da quebra nos lucros, a ENH fechou o ano com um ativo total que cresceu para 28.706 milhões de meticais (386,9 milhões de euros) e um passivo que subiu ligeiramente, para 8.918 milhões de meticais (120,2 milhões de euros).
A ENH, que conta com um capital social de 749 milhões de meticais (10 milhões de euros) totalmente subscrito pelo Estado moçambicano, exerce a sua atividade subordinada ao Ministério dos Recursos Naturais e Energia, tendo como objetivo principal a atividade petrolífera, “nomeadamente a prospeção, pesquisa, desenvolvimento, produção, transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos e seus derivados”, incluindo importação e exportação.
O documento refere que a ENH distribuiu dividendos ao Estado no valor de 1.200 milhões de meticais (16,1 milhões de euros) em 2024 (do exercício do ano anterior) e de 877,6 milhões de meticais (11,8 milhões de euros) em 2023.
A ENH explica que é concessionária, juntamente com outras entidades, de licenças atribuídas pelo Ministério dos Recursos Minerais e Energia para realizar atividades de pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo em Moçambique em 11 concessões, detendo participações que variam de 10 a 30%.
A petrolífera tinha registado em 2021 um resultado líquido negativo em 153,1 milhões de meticais (dois milhões de euros), que passou a lucros, de 461,9 milhões de meticais (6,2 milhões de euros), em 2022, com as vendas de bens e serviços – essencialmente gás – a praticamente duplicarem, para 960,2 milhões de meticais (12,9 milhões de euros).
Em 2023, as receitas da ENH com a venda de gás natural ultrapassaram os 1.610 milhões de meticais (21,7 milhões de euros), perto do dobro de 2022.
Criada em 1981, a ENH participa em todas as operações petrolíferas e nas respetivas fases das atividades de pesquisa, exploração, produção, refinação, transporte, armazenamento e comercialização de hidrocarbonetos e dos seus derivados, incluindo Gás Natural Liquefeito (LNG) e Gás para Líquidos (GTL), dentro e fora do país.
Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado, além do operado pela Eni e já em produção, casos da Mozambique LNG (Área 1), operado pela TotalEnergies, até 43 milhões de toneladas por ano (mtpa), e Rovuma LNG (Área 4), operado pela ExxonMobil, com 18 mtpa, em fase de desenvolvimento.
Em 2024, um estudo da consultora Deloitte concluiu que as reservas de GNL de Moçambique representam receitas potenciais de 100 mil milhões de dólares (96,2 mil milhões de euros), destacando a importância internacional do país na transição energética.
Só este ano, ainda sem a entrada em funcionamento das restantes operações, a produção moçambicana estimada de gás é de 5,4 mil milhões de metros cúbicos, o sexto maior produtor em África.
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