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Lucros da Sonae disparam 33,7% em 2018

O grupo evidencia uma forte melhoria da rentabilidade, num ano em que todos os negócios cresceram, quer organicamente, quer por via de aquisições.
21 Março 2019, 07h41

O grupo Sonae fechou o exercício de 2018 com lucros de 222 milhões de euros, o que representa um aumento de 33,7% em relação aos 166 milhões obtidos no final do ano anterior. O volume de negócios aumentou 8,1% para os 5.951 milhões de euros, ao mesmo tempo que registou uma sensível melhoria da rentabilidade, com subida de 8,4% do EBITDA subjacente para 372 milhões.

Por outro lado, o investimento aumentou para 702 milhões de euros, impulsionado por expansão orgânica e aquisições, nomeadamente em Espanha. Segundo comunicado do grupo enviado à CMVM, a proposta de dividendo – que será apresentada na próxima assembleia geral (possivelmente em maio) e onde Cláudia Azevedo substituirá o irmão Paulo à frente do grupo –  é de 4,4 cêntimos de euro por ação, correspondendo a um dividend yield de 5,4%.

Ângelo Paupério, Co-CEO da Sonae, afirma, citado pelo comunicado, que “2018 foi um ano de sucesso para a Sonae, que cresceu significativamente, melhorou rentabilidade e concluiu uma importante fase do seu desenvolvimento estratégico”.

O volume de negócios consolidado atingiu os 6 mil milhões de euros (+8,1%), com o contributo positivo de todas as áreas, com destaque para a Sonae MC (+7,0%) e para a Worten (+7,6%) que apresentaram igualmente elevados crescimentos no mesmo universo de lojas.

Em termos de rentabilidade, o EBITDA recorrente cresceu 12,2% para 425 milhões de euros e o EBITDA total alcançou 483 milhões de euros, a que corresponde um crescimento de 26,7%. Gostaria igualmente de destacar a performance da Sonae MC que, num contexto de mercado exigente, manteve os seus níveis de rentabilidade de referência.

Esta intensa atividade coincidiu com o último ano de mandato do atual Conselho de Administração que integrei enquanto Co-CEO e contribuiu para que a transferência de responsabilidades que agora ocorre se processe com redobrado conforto e confiança, na certeza de que a nossa empresa está preparada para os novos desafios e na profunda convicção e sincero desejo que a nova equipa executiva liderada pela Cláudia Azevedo continue a potenciar o sucesso deste projeto único e que tanto nos une que é a Sonae.”

Em 2018, os negócios da Sonae continuaram a apresentar um forte desempenho de vendas e de rentabilidade. O volume de negócios aumentou 8,1% em termos homólogos para cerca de 6 mil milhões de euros. Este desempenho beneficiou da contribuição dos negócios de retalho da Sonae, nomeadamente do desempenho like-for-like e da expansão da rede de lojas.

Semelhante ao crescimento do volume de negócios, o EBITDA subjacente da Sonae cresceu 8,4% em termos homólogos para 372 M€ e, consequentemente, a margem permaneceu estável face a 2017, em 6,3%.

O EBITDA da Sonae teve um crescimento mais significativo de 102 M€, atingindo 483 M€, impulsionado pelo forte desempenho operacional e pelos ganhos de capital, quer da venda de ativos da Sonae Sierra, quer das operações de sale and leaseback de ativos da Sonae RP, e ainda pelo impacto positivo da joint-venture com a JD/Sprinter (ISRG). Este desempenho do EBITDA foi a principal razão do aumento de 58% do resultado direto para 209 M€, +77 M€ quando comparado com 2017, e consequentemente para o resultado líquido atribuível a acionistas que ultrapassou os 220 M€, face a 166 M€ no ano anterior.

 

De um ponto de vista estatutário, a Sonae passou a incluir a consolidação integral da Sonae Sierra após o aumento da participação de 50% para 70% no final do 3T18, que até aí era consolidada pelo método de equivalência patrimonial. Numa base pro-forma, excluindo o volume de negócios total da Sonae Sierra no 4T18, o volume de negócios consolidado da Sonae teria crescido 7,3% e, excluindo o EBITDA subjacente da Sonae Sierra de 11 M€, o EBITDA subjacente consolidado teria crescido 5,2% em termos homólogos, correspondendo a uma margem de 6,1%.

A Sonae reforçou a sua solidez financeira, com a dívida líquida a situar-se em 1.317 M€ no final de 2018, incluindo a aquisição de 20% da Sonae Sierra por 256 M€ e a consolidação da dívida desta empresa. Tendo em conta os valores reexpressos (pro-forma), ou seja, incluindo a consolidação integral da dívida líquida da Sonae Sierra no final de 2017, a dívida líquida da Sonae diminuiu 223 M€ (-17,4%) em termos homólogos, para 1.061 M€.

O gearing médio contabilístico da Sonae melhorou para 0,5x no 4T18 comparado com 0,6x no 4T17, devido ao reforço da estrutura de capitais do grupo que é composta atualmente por 71% de capital próprio.

Além disso, excluindo a Sonae Sierra, a Sonae foi capaz de manter o custo médio das linhas de crédito utilizadas num nível baixo, próximo de 1,0%. Adicionalmente, desde o final de 2018, a Sonae já refinanciou 200 M€ em dívida de longo-prazo, o que permite assegurar um perfil da maturidade média da dívida confortável de cerca de 4 anos.

O investimento em 2018 ascendeu a 702 M€, o que inclui: o capex relacionado com a manutenção e expansão dos negócios de retalho, os 256 M€ relacionados com a aquisição de 20% da Sonae Sierra e o capex da Sonae Sierra no 4T.

O crescimento das várias áreas de negócios é acompanhado pelo reforço do compromisso da Sonae com a comunidade, tendo investido 11 milhões de euros em organizações de economia social, através de bens materiais, competências e recursos financeiros para 1.175 instituições.

No retalho alimentar, apesar da forte concorrência, a Sonae MC foi uma vez mais capaz de registar um crescimento do volume de negócios, de 7% em termos homólogos, o crescimento anual mais elevado da última década, e ultrapassou os 4 mil milhões de euros no ano.

Este desempenho foi suportado por um crescimento LfL de 2,8% em 2018, assim como pela expansão da rede de lojas. É, ainda, de destacar, o rápido desenvolvimento do comércio eletrónico, com crescimento de dois dígitos durante 2018, motivado pelo aumento do número de clientes e do valor médio de compra.

O ano terminou com uma rede de lojas total de 1.085 (incluindo franquiadas), mais 122 face a 2017, entre as quais 3 lojas próprias Continente Modelo e 13 Continente Bom Dia. Em 2019, a Sonae MC já abriu mais 3 Continente Bom Dia e 1 Continente Modelo.

O EBITDA subjacente melhorou 15 M€ para 228 M€ em 2018 e 5 M€ no 4T18, enquanto que as margens permaneceram estáveis tanto em 2018 como no 4T18, em 5,5% e 6,3%, respetivamente. No trimestre mais importante do ano, que inclui a época de Natal, a Sonae MC mostrou, uma vez mais, a sua proposta de valor sólida, ao continuar a reforçar a liderança de mercado. Este desempenho global positivo reflete um volume de negócios forte aliado a uma disciplina de controlo de custos, apesar do ambiente persistentemente competitivo e do contínuo investimento no plano de expansão.

O segmento de Health & Wellness permaneceu uma das principais áreas de crescimento e, já em 2019, foi concluída a aquisição de 60% na Arenal, empresa espanhola de parafarmácias e perfumarias.

A Worten registou um forte 4T18 concluindo o ano com um volume de negócios total 1,1 mil milhões de euros, 7,6% acima do limiar dos mil milhões ultrapassado no final de 2017. Este desempenho foi impulsionado por um crescimento de LfL de vendas de 5,6% e por um crescimento de dois dígitos no comércio eletrónico (tanto em Portugal como em Espanha). Apesar do comparável desafiante, o LfL foi de 5,6% no 4T18 com as vendas da Worten a atingirem 343 M€, representando um crescimento de 8,1% face ao 4T17, com uma importante contribuição do período da Black Friday.

A rede de lojas aumentou em 17 unidades, atingindo um total de 257 lojas Worten na Península Ibérica, no final do ano. Esta expansão e o impacto da Black Friday levaram a que o EBITDA subjacente ficasse estável, situando-se nos 35 M€, com uma margem de 3,2%.

O ano de 2018 foi desafiante para todo o sector de moda, mas a Sonae S&F conseguiu um 4T positivo com crescimento acima de valores de referência do mercado. Esta unidade de negócio registou um crescimento LfL de 7,2% e vendas de 104 M€ no 4T18, significando um crescimento total de 7,9% quando comparado com o 4T17. Com este desempenho trimestral, as vendas totais da Sonae S&F atingiram 369 M€ em 2018 e aumentaram 1,9% em comparação com 2017.

Relativamente à rentabilidade, o EBITDA subjacente atingiu 14,9 M€, com uma margem de 4,0%, destacando-se o 4T que teve uma contribuição e evolução positivas face ao ano passado (EBITDA subjacente de 12 M€, +2,5 M€).

Na área do desporto, em aproximadamente 9 meses do primeiro ano da joint-venture Iberian Sports Retail Group (ISRG), o volume de negócios atingiu 411 M€, uma melhoria de 9,5% impulsionada sobretudo pelo desempenho de vendas da Sprinter e da JD. O EBITDA do grupo.

A Sonae FS terminou um ano muito forte, com todos os seus principais indicadores a registarem desempenhos positivos. A produção ultrapassou o limiar dos mil milhões de euros (+22,8%), o volume de negócios disparou 27,3% para 31 M€ e o EBITDA subjacente quase duplicou para 5,7M€.

A operação do Universo continua a reforçar o seu papel no mercado de pagamentos e a ser o principal impulsionador do desempenho positivo desta unidade de negócio. No 4T o cartão universo conquistou perto de 50 mil subscritores adicionais, totalizando no final do ano 747 mil subscritores, um aumento líquido de 142 mil em 2018, um número impressionante para uma operação lançada há 3 anos. A quota de mercado, no mercado dos pagamentos com cartão de crédito continuou em níveis elevados.

O volume de negócios da Sonae RP, unidade responsável pela gestão do portefólio de imobiliário de retalho, aumentou 2,1% em termos homólogos, para 94 M€, e o EBITDA subjacente situou-se em 81,4 M€ correspondendo a uma margem de 86,5%. O portefólio da Sonae RP no final do ano representava um valor contabilístico bruto de 1.247 M€.

Nos dois últimos meses de 2018, a Sonae RP completou 2 transações de sale & leaseback correspondentes a 6 ativos e a uma entrada de capital de 82,8 M€, com um total de 37 M€ em ganhos de capital. Com estas duas transações, o freehold (percentagem dos ativos detidos) da Sonae MC situou-se em 43% no final de 2018.

O volume de negócios da Sonae IM ascendeu a 155 M€ no final de 2018, crescendo 22,7% em termos homólogos, impulsionado por todas as empresas do portefólio e pela integração da Nextel (através da fusão com a S21Sec no 3T18, que resultou no “pure player” de cibersegurança mais relevante em volume de negócios e em número de especialistas). O EBITDA subjacente manteve a tendência positiva em 2018 com +2 M€ em termos homólogos, para 6,6 M€.

Em 2018, a Sonae IM continuou a implementar a sua gestão ativa de portefólio, com desenvolvimentos significativos como a alienação de parte da participação indireta na Outsystems, o segundo “unicórnio” de origem portuguesa, tendo gerado importantes mais-valias. Além do reforço em algumas das empresas existentes e de alguns investimentos em fase inicial, a Sonae IM adquiriu uma participação minoritária na Visenze, empresa tecnológica de retalho de Singapura, adicionou também uma participação maioritária na Excellium, empresa de cibersegurança sediada no Luxemburgo, a qual representa um passo importante no desenvolvimento de um grupo de cibersegurança europeu que cobre atualmente a Península Ibérica e principais mercados europeus.

Já em março de 2019, a Sonae IM chegou a acordo para a venda de 100% da Saphety aos membros da sua equipa de gestão.

As contas de gestão da Sonae Sierra (numa base proporcional) mostram que a empresa continua a registar um desempenho sólido com o volume de negócios estável em 222 M€ e o EBIT a crescer 2,9 M€ para 108 M€. Consequentemente, o resultado direto aumentou para 67 M€, +3% em termos homólogos, sustentado por um forte desempenho do seu portefólio na Europa e no Brasil conjugado com um crescimento da área de serviços.

Durante 2018, a Sonae Sierra progrediu na sua estratégia de reciclagem de capital com quase 600 M€ de OMV de ativos vendidos e a aquisição da restante participação de 50% do centro comercial ParkLake na Roménia. Quanto à execução dos projetos em desenvolvimento, a Sonae Sierra reabriu o Fashion City Outlet na Grécia (4T) e alcançou avanços significativos na expansão do Norteshopping e no Designer Outlet McArthurGlen em Málaga. Já em 2019, abriu o primeiro centro comercial na Colômbia (Cucuta).

Na NOS, as receitas operacionais ascenderam a 1.576 M€ em 2018, +1,1% acima do ano anterior com as vendas de telco a crescer 1,5% para 1.506 M€. No 4T18, as vendas operacionais cresceram 2,5% em termos homólogos, para 409 M€. Relativamente à rentabilidade, o EBITDA consolidado melhorou 2,8% em termos homólogos, para 592 M€ em 2018, beneficiando de um crescimento de 4% do EBITDA de telecomunicações. O resultado líquido situou-se em 141 M€ em 2018, +16% em termos homólogos.

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