O BPI registou no exercício de 2020 um lucro consolidado de 104,8 milhões de euros, o que traduz uma queda de 68% face a 2019.
Destaque para a queda substancial do contributo dos resultados de Angola e Moçambique (BFA e BCI) – caiu para cerca de metade – o que justifica a queda severa dos lucros consolidados. O contributo das participações minoritárias no BFA e BCI foi de 38,6 milhões no ano.
A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) caiu para 2,7%.
Em 2020, o BPI constituiu 151 milhões de imparidades de crédito líquidas incluindo imparidades não alocadas de 97 milhões de euros, para prevenir impactos futuros da pandemia, o que explica a redução do resultado consolidado (-68% face a 2019) e do resultado líquido recorrente em Portugal (-64%). Na atividade em Portugal, o BPI obteve 84,3 milhões de euros em resultado líquido recorrente.
João Pedro Oliveira e Costa está a apresentar os resultados anuais e destacou a subida dos depósitos, que aumentam 3 mil milhões (+13%), com a quota de mercado a subir para 10,6%. Ao mesmo tempo o crédito aumenta 1,3 mil milhões (+5.4%). A quota de mercado sobe 30 bp para 10,7%. Sendo que a Produção de crédito hipotecário cresce 20% para 1.741 milhões, elevando a quota de mercado na contratação para 15,1% (dados de novembro) e na carteira para 12.2%. Por outro lado a carteira de crédito a empresas sobe 5,9% face a 2019 para 10.072 milhões.
Em termos de solidez, o Rácio de NPE (malparado pela definição EBA) ficou em 1,7% e com uma cobertura a subir para 140% por imparidades e colaterais.
O custo do risco de crédito de 0,57% é inferior à média de 1% do sector em Portugal.
“O BPI mantém o melhor rácio NPE do sector financeiro em Portugal, refletindo a elevada qualidade dos ativos do Banco. A cobertura de NPE por imparidades e colaterais sobe para 140%”, realça o banco.
O rácio de Non Performing Loans (NPL) desce 1 ponto percentual para 2,1% no ano. O NPL estava coberto a 141% por imparidades e colaterais no final de 2020.
O rácios de capital (phasing in) é ao nível do capital de melhor qualidade (CET1) de 14,1%, o rácio de Tier 1 está em 15,6% e o de capital total em 17,3%.
No que toca à conta de resultados, a margem financeira cresce 3,2% em 2020. “Os proveitos core evidenciam uma elevada resiliência, num enquadramento económico fortemente adverso, com o produto bancário comercial a manter-se estável (-0,3%) face a 2019”, diz a instituição.
A margem financeira aumenta para 450,1 milhões de euros, suportada pelo crescimento da carteira de crédito em todos os segmentos e “beneficia do aumento do contributo da atividade de gestão do balanço (Asset/ Liability Management – ALCO), apesar de continuar penalizada por uma conjuntura de taxas de juro de mercado em valores negativos”.
Já as comissões líquidas diminuem 5% em termos homólogos para 244,9 milhões, reflexo ainda do abrandamento da atividade económica e das medidas de apoio aos clientes implementadas pelo banco.
O produto bancário caiu 1,3%.
Do lado dos custos, o BPI regista uma diminuição dos custos de estrutura recorrentes de 4,5% num ano, refletindo a redução de 2,1% dos custos com pessoal, que inclui o efeito da decisão dos administradores executivos de renunciarem aos prémios de desempenho de 2020. Mas também graças à redução de 6,6% dos Gastos gerais administrativos, que beneficiam da implementação gradual de medidas de modernização e melhoria da eficiência, e também da redução de alguns custos associados ao negócio no contexto da crise pandémica.
No final de 2020 o Banco BPI contava com 4.622 colaboradores (-218 em termos líquidos em relação a dezembro de 2019). Na mesma data a rede de distribuição totalizava 422 unidades comerciais, entre balcões (360), centros premier (27), 1 balcão móvel e centros de empresas (34).
A redução em 10% das depreciações e amortizações, essencialmente explicada pela revisão da vida útil estimada do software (imobilizado intangível), também justifica a queda dos custos.
No quarto trimestre o BPI registou um custo não recorrente de 25 milhões de euros relativo a 147 reformas antecipadas e rescisões voluntárias.
O rácio de eficiência core (cost-to-income core) situou-se em 58% no final de 2020, o que corresponde a uma melhoria de 2.2 p.p. em relação ao ano anterior.
“Nos últimos quatro anos, o BPI melhorou este indicador em mais de 11 pontos percentuais”, disse o banco.
O CEO do banco destacou que os custos regulamentares somaram 39,5 milhões de euros em 2020, mais 17,5% do que um ano antes. Este montante está repartido em 3,2 milhões, pago pelo banco ao abrigo do adicional de solidariedade; em 15,5 milhões em contribuição especial sobre o sector bancário; e em 7,3 milhões de contribuição para o Fundo de Resolução nacional. O restante refere aos 13,4 milhões pagos ao Fundo de Resolução europeu e 0,04 milhões do Fundo de Garantia de Depósitos.
O banqueiro lamentou que seja apenas o sector bancário a contribuir para a “solidariedade”.
Em março, o BPI concretizou uma emissão de dívida sénior não preferencial (senior nonpreferred) de 450 milhões de euros, subscrita integralmente pelo CaixaBank, com o objetivo de reforçar os passivos elegíveis para cumprimento do requisito futuro de MREL.
O CEO do BPI falou ainda da aceleração do processo de Transformação Digital e Inovação. Salientando que 711 mil clientes são utilizadores regulares de banca digital, dos quais 462 mil com BPI App (+ 61 mil em 2020). Neste momento, 97% das transações são realizadas em canais digitais.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com