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Lucros e notoriedade. O que se ganha com a compra de um clube de futebol?

O estudo da KPMG, dá exemplos como o Manchester United, Liverpool e Manchester City, e aponta estes clubes como emblemáticos relativamente ao retorno económico e financeiro que deram e continuam a providenciar aos seus investidores.
10 Fevereiro 2020, 07h55

Maximização de ganhos financeiros, potencial para crescimento global e notoriedade são alguns dos motivos que o estudo da consultora KPMG “Principais razões para adquirir um clube de futebol profissional” aponta como benefícios para comprar um clube.

O estudo, que dá exemplos como o Manchester United, Liverpool e Manchester City aponta estes clubes como emblemáticos relativamente ao retorno económico e financeiro que deram e continuam a providenciar aos seus investidores. Por outro lado, o estudo da consultora junta a estes clubes o AC Milan como o exemplo de um clube que, durante 30 anos, catapultou o empresário Silvio Berlusconi para outros cargos de relevo em Itália depois de presidir, com sucesso, o clube de Milão.

“Os clubes de futebol são ativos únicos, normalmente com grande visibilidade, atraindo o interesse de grupos significativos de pessoas e audiências numerosas”, revela o estudo da KPMG. A consultora realça que um clube de futebol pode ser um veículo de comunicação importante para países, empresas ou indivíduos de forma a que seja incrementado nível de conhecimento da marca. Por exemplo, o Paris Saint-Germain e o Manchester City são frequentemente vistos como embaixadores dos países de onde são provenientes os seus investidores, Qatar e Emirados Árabes Unidos, respetivamente. Outro exemplo é o do AC Milan que, durante 30 anos, deu notoriedade ao seu proprietário nos tempos áureos do clube: o empresário e antigo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.

A KPMG conclui ainda que os clubes de futebol possuem uma capacidade única de publicidade: “Os donos dos clubes têm aqui uma excelente oportunidade para capitalizar o desenvolvimento de uma marca ou de um patrocínio de outras empresas que tenham. Um exemplo dessa capitalização é o de Mike Ashley, que é dono da cadeia Sports Direct e do Newcastle United e que, através dos espaços publicitários do clube (nome do estádio e outras valências) tem a possibilidade de potenciar a marca”.

Investimento chinês

A consultora KPMG realça que, nos últimos anos, a indústria do futebol tem sido alvo do investimento chinês sobretudo no que concerne à aquisição de equipas europeias. O Governo chinês decretou como objetivo o desenvolvimento e crescimento do futebol, potenciado, em alguns casos, pela aquisição de clubes que seriam usados, na perspetiva das autoridades chines, como um “soft power” no sentido de atrair uma posição política e uma vantagem na posição negocial na economia que mais cresce a nível mundial. A utilização dos clubes de futebol como “soft power” também pode ser aplicada quando o objetivo passa pela entrada em novos mercados.

Maximização dos ganhos financeiros

Com o disparo das receitas associadas aos direitos televisivos (sobretudo no Reino Unido), uma crescente sustentabilidade financeira devido à introdução do mecanismo Fair Play financeiro, um motivo chave para se investir num clube de futebol passa por operar num negócio onde é possível obter dividendos e rentabilizar capital. Um exemplo desse racional é o Manchester United que é propriedade da família Glazer. Os Glazers já eram uma família conhecida no contexto do investimento desportivo nos EUA quando decidiram investir na Premier League. Esta família escolheu o Manchester United porque já era um clube com um bom posicionamento e bem sucedido comercialmente.

O interesse tem vindo a crescer no futebol à escala global nas últimas três décadas. Este crescimento tem sido acelerado pela internet e pelo desenvolvimento das plataformas de media digitais nos últimos anos. Este crescimento fez com que mais empresários quisessem fazer parte deste fenómeno. Se um investidor consegue encontrar o clube certo, aplicar uma estratégia de sucesso e encontrar o momento exato, o crescente valor dos direitos televisivos e receitas comerciais pode resultar num retorno de investimento significativo.

Especialmente em Inglaterra, uma das razões para um forte investimento em clubes em divisões inferiores é a potencial recompensa pela promoção de clubes para a Premier League. Isto pode ser visto como algo especulativo: na maior parte dos casos, um alto nível de investimento nos plantéis (transferências, salários dos jogadores) é exigível para atingir este objetivo, algo que resulta muitas vezes em perdas. A avultada recompensa por chegar à Premier League é um dos motivos para investir mas se essa promoção não acontece a curto prazo, as perdas podem ser devastadoras, aponta a KPMG.

Clubes que compram outros clubes

A capacidade de gerir um clube futebol pode ser usada para ganhar vantagem neste setor a nível global. O melhor exemplo é o City Football Group: o grupo que gere o Manchester City, também investiu noutros clubes já que o grupo comprou capital em clubes em Inglaterra, Espanha, EUA, Austrália, Japão, Uruguai, China e Índia.

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