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Luís Cocco: “A contratação pública é propensa a atrasos devido à muita litigância”

Fornecedor habitual de software à administração pública portuguesa, o grupo Glintt (que engloba a Glintt Next) está a viver, este ano, um desafio novo. As eleições que trouxeram um novo governo atrasaram a contratação pública, os valores do PRR atraíram mais ‘players’ e a litigância fez o resto. Resultado? Há concursos há um ano sem desfecho e impactos para quem está no terreno. Ao JE, o CEO da Glintt Global, Luís Cocco, explica o contexto.
12 Julho 2024, 15h30

Como é que está o ambiente de negócios atualmente para o grupo Glintt? Sente-se alguma retração?
Cá em Portugal sente-se alguma atividade, sobretudo no sector público. E falo da Glintt Next por via do PRR. Sente-se que as instituições públicas têm dinheiro para gastar, mas as coisas estão a avançar lentamente, porque o processo de contratação público é extremamente burocrático. E é susceptível de muitos litígios por parte de operadores que não ganharam. A Glintt Next trabalha muito com a administração pública e nós estamos envolvidos em alguns concursos há um ano… Entre as mudanças de governo que atrasam muito as decisões dos próprios órgãos de cúpula da administração pública, entre o processo de lançamento dos contratos dos concursos. Depois, a litigância.

Quais são os impactos deste cenário que descreveu?
Ao nível do PRR há, de facto, riscos de se perder as verbas. Isto é o que eu vejo. Se há verbas deste PRR que – tanto quanto eu sei – era suposto serem gastas até final de 2026, a certa altura não há tempo útil para executá-las. Eu acho que o processo de contratação pública, salvaguardando obviamente as questões de litigância… tem de ser simplificado. Este ano, então, notou-se muito. Entre a mudança de governo – que leva desde logo a que as instituições públicas fiquem mais propensas a não decidir – , a não decidir. Por outro lado, obviamente que este ano muitas empresas de tecnologia estão especialmente atentas aos concursos da administração pública, porque há muitos montantes, torna-se crítico para todos e o nível de litigância está muito grande. Portanto, arrasta-se. Eu tenho concursos onde estou há um ano, depois há Tribunal de Contas, etc. É terrível. É bom no sentido que se nota que há verbas do PRR, sobretudo das instituições públicas. E nós trabalhamos com a administração pública por isso, nesse sentido, é positivo. As coisas, espero, vão acabar por se fazer. Só que derraparam todas.

E isso deve-se tudo às eleições?
Não. É tudo. É eleições e é o processo. O processo é propenso a atrasos por via da litigância.

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