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Luís Filipe Vieira detido 10 meses depois de polémica com primeiro-ministro e Medina na sua comissão de honra

Há quase um ano, estalou a polémica quando foi revelado que António Costa e o autarca de Lisboa iriam fazer parte da comissão de honra da candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica. 10 meses depois, Vieira foi detido por suspeitas de crimes de burla qualificada e ainda por alegados crimes de fraude fiscal qualificada.
7 Julho 2021, 17h19

Luís Filipe Vieira foi hoje detido 10 meses depois da polémica sobre o primeiro-ministro apoiar a sua recandidatura às eleições do Benfica.

O presidente do Benfica foi hoje detido por suspeitas de crimes de burla qualificada ao Fundo de Resolução bancária e ainda crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitalismo e de abuso de confiança em relação ao próprio Benfica , segundo revelou hoje o “Nascer do Sol”.

Mas a 12 de setembro de 2020 rebentava outra polémica quando foi revelado que António Costa, e o presidente da câmara municipal de Lisboa, estavam entre os mais de 500 nomes que constavam da comissão de honra da candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, conforme revelou então o Expresso.

O gabinete do primeiro-ministro argumentou que António Costa estava a repetir o seu apoio a LFV dado em atos eleitorais anteriores (2012, quando era autarca de Lisboa, e em 2016, já como PM).

O apoio, segundo São Bento, também estava a ser dado como adepto e sócio do Benfica desde 1988, e não como primeiro-ministro ou secretário-geral do PS. A partir daqui, e com o Luís Filipe arguido na altura na Operação Lex, instalou-se a polémica com muitas críticas ao primeiro-ministro.

O líder do PSD criticou o facto de António Costa misturar política com futebol profissional. “Sempre achei mal a mistura entre a política e o futebol profissional. No passado combati isso e afastei-me. Hoje até há problemas de ordem judicial metidos nisso”, disse o líder do PSD em setembro de 2020.

Por sua vez, a Associação Transparência e Integridade criticou o primeiro-ministro por ter aceitado integrar a comissão de honra da candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Sport Lisboa e Benfica.

Esta associação cívica recordava então que existe um código de conduta do Governo em vigor e aponta que esta situação pode violar alguns artigos deste código que está em vigor desde 2016. “Uma coisa é o primeiro-ministro ser adepto do Benfica. Agora, quando se integra uma comissão de honra, não se integra por ser apenas mais um sócio, mas sim porque se tem alguma relevância”, disse na altura ao JE a vice-presidente da ATI, Susana Coroado.

Perante a polémica, António Costa desvalorizou o caso: “Não vou fazer nenhum comentário sobre um assunto que não tem rigorosamente nada a ver com a vida política nem com as funções que exerço ou exerci”, afirmou o primeiro-ministro a 12 de setembro de 2020.

Passados cinco dias do início da polémica, Luís Filipe Vieira veio a público anunciar que iria retirar o nome de António Costa, e de outros políticos, da lista da sua comissão de honra. “Agradecendo a todos a disponibilidade manifestada, tomei a iniciativa de retirar da minha comissão de honra todos – todos – os titulares de cargos públicos, sejam autarcas, deputados ou membros do Governo”, escreveu na altura o presidente do Sport Lisboa e Benfica.

“Estou de consciência tranquila e, se for condenado, no futuro, em algum dos processos de que nestes dias tanto se fala, serei o primeiro a tomar a iniciativa, saindo pelo meu pé da presidência do Sport Lisboa e Benfica”, garantiu Luís Filipe Vieira.

A lista continha mais de 500 nomes de várias áreas e diversos quadrantes políticos: o antigo ministro da Administração Interna de um Governo PS, Rui Pereira; o deputado do PSD, Duarte Pacheco; o deputado do CDS, Telmo Correia; o presidente do Câmara Municipal do Seixal pela CDU, Joaquim Santos; António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal.

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