O BE considera que o estado da habitação na Região Autónoma da Madeira é “dramático e um flagelo”, seja para quem queria comprar ou arrendar, e acusou o executivo madeirense de favorecer o imobiliário e a construção em vez de se colocar ao lado da população. A força partidária pede também o fim imediato dos vistos gold e acusa o Governo Regional de continuar a desbaratar dinheiro público em obras desnecessárias.
“A Madeira, e o Funchal em particular, foi uma das regiões do país em que mais aumentou o preço da habitação ao longo de 2022. A aposta na construção de habitação de luxo, diversas vezes elogiada pelo presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, totalmente dirigida ao mercado dos vistos gold e dos fundos de investimento, que o PSD/CDS-PP defende a todo o custo, está a expulsar os madeirenses dos seus lugares”, diz o partido.
“A proliferação, sem controlo, do alojamento local, que ocupa prédios habitacionais nos centros das cidades e um pouco por toda a ilha, muitos deles alvo de reabilitação urbana e de benefícios fiscais, com o dinheiro dos contribuintes madeirenses, estão a retirar gente aos centros urbanos e a fazê-los perder a sua identidade. Juntando a isto os baixos salários, a precariedade sem fim dos trabalhadores, o aumento substancial do custo de vida e a subida das taxas de juro, torna-se impossível comprar casa e, para a nossa juventude, é cada vez mais difícil constituir família e sonhar com um futuro. No entanto, este é um problema transversal a diversas gerações”, acrescentou a força partidária.
O BE questiona quem são os jovens que “irão beneficiar da habitação a preços controlados, já que comprar casa, em planta, por 240 mil euros é, seguramente, para um grupo muito, mas muito restrito”.
BE pede fim dos vistos gold
O partido diz que defende o direito dos madeirenses a uma habitação acessível e o fim imediato dos vistos gold.
Para o BE os vistos gold “existem sem qualquer escrutínio a quem os requer, que não gera riqueza nas localidades e que serve apenas o propósito de atribuir acesso ao espaço europeu a quem tem dinheiro, independentemente da sua proveniência. Já sabemos que, demasiadas vezes, de origem duvidosa”.
A força partidária diz também que perto de cinco mil famílias estão em lista de espera por uma habitação condigna.
“Exigem-se também aqui respostas do governo PSD, há quase cinco décadas no poder e, por isso, o único responsável por este grave problema. Fruto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Governo Regional poderá mitigar o problema da habitação, embora o número de habitações a construir esteja a ser revisto regularmente – já foram 1.400 e os últimos números conhecidos apontam para 800. Mas, principalmente, devemos exigir mais ao Governo, que não derrama um único euro do Orçamento Regional para construção de nova habitação”, diz o BE.
O partido salientou que o dinheiro existe mas está a ser aplicado em investimentos que “não são prioritários para os madeirenses e que se destinam a ser concessionados a terceiros, num círculo restrito de privilegiados do regime”.
O BE deu vários exemplos daquilo que a seu ver é o “contínuo desbaratar” de dinheiros públicos em “obras desnecessárias” como por exemplo “os 20 milhões para o campo de golfe da Ponta do Pargo, os 33 milhões de euros para o teleférico do Curral das Freiras, os 12 milhões para a estrada das Ginjas ou ainda os 6,5 milhões de euros para mais um campo de futebol, desta feita em Câmara de Lobos”.
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