66,5% da água fornecida pelas Águas e Resíduos da Madeira (ARM) não chega a casa dos consumidores. As contas são da empresa pública regional que aponta para um desperdício de 37,1 milhões de metros cúbicos de água em 2017.
Segundo dos dados avançados ao Económico Madeira pela ARM, empresa tutelada pela secretária do Ambiente, a Região prevê fornecer 55,8 milhões de metros cúbicos de água até ao final de 2017.
“Se considerarmos que o consumo médio por habitante poderá ser no máximo 200 litros por dia, o volume necessário para abastecer a população servida pela ARM será cerca de 18,7 milhões de metros cúbicos, o que significa que se perdem cerca de 37,1 milhões de metros cúbicos de água que nunca chegam a casa dos consumidores (sensivelmente 66,5%)”, esclarece a ARM.
Entre janeiro e outubro de 2017 foram distribuídos pelos municípios da ilha da madeira, cerca de 46,5 milhões de metros cúbicos, um valor superior em cerca de 3% face ao período homólogo de 2016, o que corresponde a um aumento de 1,3 milhões de metros cúbicos em 10 meses.
Consumo doméstico e desperdícios crescentes comprometem água de regadio
O aumento do consumo de água para fins domésticos tem vindo a crescer anualmente, desde 2013, apesar da diminuição populacional. Esta tendência é preocupante e mereceu já mereceu diversas chamadas de atenção por parte da secretária regional do Ambiente na Madeira.
Susana Prada revela-se especialmente preocupada com os desperdícios de água que ascenderam, em 2016, aos 13 milhões metros cúbicos só no Funchal.
De acordo com a ARM, o volume de água fornecido, entre 2013 e 2017, aos municípios da Madeira sofreu um acréscimo de 6 milhões de metros cúbicos o que corresponde a um aumento de 12 % face a 2013.
Ao aumento do consumo de água e aos desperdícios crescentes acresce a redução das reservas obtidas nas principais origens de água (nascentes, galerias e furos), em consequência da falta de chuva.
Para minimizar os constrangimentos no fornecimento de água às populações, a empresa Águas e Resíduos da Madeira explica que foi necessário subtrair água ao sistema de regadio agrícola para garantir o abastecimento para consumo humano.
“Caso não existisse a necessidade de fornecimento de maiores volumes aos Municípios, a ARM teria fornecido mais água aos agricultores”, esclarece a ARM.
As consequências da falta de água de rega têm despoletado críticas por parte dos agricultores madeirenses. Recentemente os deputados do PCP na Madeira requereram uma audição na Assembleia Legislativa da Madeira ao secretário da Agricultura e Pescas madeirense, Humberto Vasconcelos, para analisar os impactos da seca no arquipélago.
Na Região, a tutela do Ambiente tem apostado nas campanhas de sensibilização para promover a alteração dos hábitos de consumo e a adoção de comportamentos mais adequados.
Já este ano, a ARM lançou a campanha ‘Não deite o Futuro por água a baixo – Poupe Água’ dirigida a toda a população das ilhas da Madeira e do Porto Santo.
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