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Maioria dos bancos credores recusa converter créditos em capital da Efacec. Novo Banco é exceção

Os bancos credores da Efacec não estão a estudar a conversão de créditos em capital, e a maioria nem vê racional nessa solução. A exceção é o Novo Banco, com António Ramalho a dizer que está aberto a todas as soluções. Os cinco bancos do sindicato bancário que têm as dívidas da empresa são a CGD, o Novo Banco, o EuroBic, o Montepio e o BCP.
  • Cristina Bernardo
18 Fevereiro 2020, 17h28

Não há até ao momento qualquer proposta para converter os créditos bancários em capital da Efacec, assegurou ao Jornal Económico o presidente de um dos bancos do sindicato bancário.

“Essa proposta não chegou, nem vai ser equacionada de certeza absoluta por esta instituição”, assegurou ao Jornal Económico fonte da administração de um dos bancos credores da Efacec, que lembrou ainda que não pretende repetir casos como o de Vale do Lobo.

O “Público” tinha avançado que uma das propostas para a aquisição da participação de 67,2% de Isabel dos Santos na Efacec envolve a conversão de créditos bancários em capital.

Os cinco bancos que têm a dívida bancária da Efacec são a Caixa Geral de Depósitos, que lidera o processo na qualidade de maior credor, o Novo Banco, o EuroBic, o Montepio e o BCP, sabe o Jornal Económico.

Do conjunto de bancos contactados, apenas o presidente do Novo Banco, António Ramalho, assumiu a posição oficial de “estar disponível para todos os atos com vista à preservação de uma empresa portuguesa de referência nacional e que é importante exportadora”.

De resto nem a CGD, que é líder do sindicato financiador, nem o BCP, nem o EuroBic (cujo crédito não é na holding mas sim na empresa operacional), nem o Banco Montepio se mostraram disponíveis para converter crédito em capital da Efacec.

Há mesmo bancos que asseguram que “não querem de maneira nenhuma” converter créditos em capital da Efacec. Depois há bancos que dizem que não faz muito sentido essa operação, e há ainda o Montepio que diz que é prematuro falar do assunto porque os bancos nem sequer falaram entre si.

O “Público” tinha avançado que a proposta de conversão de crédito em capital estaria a ser apresentada por cinco bancos, mas identificou apenas o BCP, o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos.

Depois da conversão de dívidas em capital, seria constituído um veículo que reunisse as participações correspondentes a cada banco com vista a “desbloquear a gestão da empresa”.

Segundo o diário, a aquisição desta participação, de cerca de 67% do capital, teria um caráter temporário por parte dos bancos, que têm como intenção alienar a posição a um investidor que garanta o crescimento da empresa. Este plano teria de receber “luz verde” de Isabel dos Santos.

Fonte ligada ao processo garante que a participação vai ser vendida no mercado pela acionista angolana e que o processo de venda está a ser conduzido pela CGD que lidera o sindicato de bancos.

A Efacec Power Solutions (EPS) é a holding do Grupo que detém a Efacec Energia. A 23 de outubro de 2015 concluiu-se a operação de aquisição da maioria do capital da Efacec Power Solutions pela sociedade Winterfell Industries (Isabel dos Santos), ficando os anteriores acionistas da empresa, Grupos José de Mello e Textil Manuel Gonçalves, com o estatuto de acionistas minoritários da Efacec Power Solutions. Assim a Efacec é detida em 67,2% pela Winterfell e em 32,8% pela MGI Capital, SGPS.

No final de janeiro, Isabel dos Santos comunicou ao Conselho de Administração da Efacec Power Solutions que “decidiu sair da estrutura acionista” da empresa com “efeitos definitivos”.

Em comunicado enviado às redações, o Conselho de Administração da Efacec Power Solutions adiantou ainda que na sequência desta decisão de Isabel dos Santos Mário Leite da Silva renunciou ao cargo de Presidente do Conselho de Administração e Jorge Brito Pereira, renunciou ao cargo de Presidente da Assembleia Geral da Efacec Power Solutions, “ambos com efeito imediato”.

Isabel dos Santos solicitou ao Conselho de Administração “para iniciar, com efeito imediato, as diligências necessárias para concretizar a sua saída da estrutura acionista da Efacec Power Solutions, tendo o Conselho de Administração para esse efeito, desde já, nomeado assessores”, lê-se no comunicado.

O “Correio da Manhã” noticiou que Isabel dos Santos tem empréstimos na banca portuguesa no valor total de 420 milhões de euros, contraídos entre 2009 e 2015. Os créditos foram concedidos a várias empresas de Isabel dos Santos para comprar ações do BPI, Zon (atual NOS) e Efacec. Do montante emprestado, as empresas terão já sido pagos 306 milhões.

Já o “Expresso” disse que Isabel dos Santos deve cerca de 570 milhões de euros aos bancos.

O Banco de Portugal pediu aos bancos e auditores uma avaliação dos dossiers de crédito da empresária. A maioria dos créditos bancários das empresas da filha do antigo presidente de Angola concentra-se em três bancos, mas estão divididos por 13 instituições. Cerca de 290 milhões do valor total apurado são potenciais responsabilidades, não efectivadas.

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