A esperança de recuperação da economia portuguesa está depositada no turismo de verão, de acordo com um relatório do Banco de Investimento Global (BIG). Os analistas do BIG salientam no documento que o número de turistas em Portugal caiu 61,3% em 2020 e que as receitas associadas tiveram uma queda de 57,6%.

“Contrariamente a outros anos, mais de 60% dos turistas foram nacionais” sendo que “o verão de 2021 deverá trazer a retoma da atividade ao sector, com turistas maioritariamente europeus, mas ainda muito abaixo dos valores de 2019”, alertam os analistas.

No sentido de permitir essa recuperação económica à conta dos turistas estrangeiros, é relevante recordar as afirmações recentes da vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). Cristina Siza Vieira sublinhou, e no meu entender bem, a importância de a Europa falar a uma só voz no que toca à definição das regras para circulação entre Estados-membros, defendendo a adoção de “modelos uniformes” e “imperativos” e alertando para o impacto negativo que teria a adoção de diferentes limitações e condicionalismos às viagens.

Esse modelo comum de regras no espaço europeu seria um passo lógico na sequência do certificado de vacinação aprovado recentemente pelo Parlamento Europeu, com o objetivo de facilitar a circulação entre os Estados-membros.

A próxima etapa, tal como divulgada, será “a negociação com o Conselho da União Europeia relativamente ao livre-trânsito digital, comprovativo de testagem, recuperação ou vacinação contra a Covid-19”.

Se o modelo for claro e o processo expedito, isso poderá ter um efeito muito positivo na circulação e captação de turistas o que permitiria insuflar receitas num sector como o da hotelaria sendo que, de acordo com o presidente da AHP, um décimo dos hotéis já não voltará a abrir portas após os confinamentos.

Em entrevista recente, Raul Martins destacou que até agora foram dispensados cerca de 30 mil colaboradores e que a atividade não vai ser suficiente para conseguir manter todos os postos de trabalho.

No primeiro trimestre deste ano os hotéis registaram quebras de 80 por cento, em comparação com o ano passado e o responsável da AHP é da opinião que os despedimentos coletivos na hotelaria irão certamente avançar se os apoios ao emprego, com o pagamento de 100 por cento do salário, não se prolongarem até março do próximo ano.

Adicionalmente, outros alertas foram dados também pelo presidente da Confederação do Turismo Português (CTP). Destaco, em particular, as críticas de Francisco Calheiros em declarações a este jornal denunciando que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ignorou o sector turístico, relegando-o para um plano secundário.

O peso das exportações de turismo no PIB faz com que a recuperação deste sector seja crucial para a retoma da economia nacional. Deve, pois, o turismo ser alvo de mais atenção e de uma maior aposta. Caso contrário, depois do verão teremos um longo inverno pela frente.

 

 

Isabel Díaz Ayuso obteve uma vitória retumbante na Comunidade de Madrid. Conseguiu nestas eleições obliterar o Ciudadanos, encurralando o Vox e posicionando o PP como o partido de referência para a direita. Como escreveu José Manuel Fernandes, Ayuso “mais do que duplicou a votação em dois anos, esmagou os socialistas e levou o líder da extrema-esquerda a demitir-se. Coragem, frontalidade e competência foram as armas com que ganhou Madrid”.

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