A seguradora de crédito francesa Allianz Trade alerta esta terça-feira que mais de 1,6 milhões de empregos na Europa e na América do Norte poderão estar em risco no próximo ano, na sequência de um aumento de 11% nas insolvências em 2024 e uma nova subida, embora inferior, (2%) em 2025.
Portugal vai seguir esta tendência, de acordo com o mais recente Relatório Global de Insolvências da Allianz Trade, divulgado esta manhã ao público. A análise da seguradora conclui que mais de metade do PIB global enfrentará aumentos de dois dígitos nas insolvências empresariais este ano.
No próximo ano, é expectável que o número de insolvências no país desacelere para +8% e, depois, +5% em 2026. “Este aumento reflete o impacto dos fatores globais como a moderação da procura e o fim das medidas de apoio às empresas, mas também as condições locais desafiantes, incluindo pressões nos setores da construção, retalho e serviços”, explicam os especialistas.
O advogado Nuno Gundar da Cruz, especializado em insolvências, confirmou ao Jornal Económico (JE) que “será inevitável” esta trajetória ascendente das falências, “até que haja novos fatores que possam dinamizar a economia e o investimento e facilitar o financiamento”.
A motivar este contexto estão as taxas de juro ainda elevadas, “investidores globalmente desconfiados” num contexto de eleições presidenciais dos Estados Unidos este ano e de legislativas na Alemanha em 2025, as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente e o desaparecimento quase por inteiro dos apoios relacionados com a pandemia. “Todos esses fatores reduzem o investimento, portanto há operadores menos sustentáveis no seu negócio que vão ao ar”, sintetizou o sócio da Morais Leitão.
Nuno Gundar da Cruz faz parte do conselho consultivo do projeto de investigação IN-SOLVENS, cujas conclusões preliminares foram divulgadas numa conferência do JE, realizada no final de setembro. “Esta investigação nunca foi feita em Portugal. É fundamental para percebermos o fenómeno da insolvência visto na perspetiva de pessoas singulares e de pessoas coletivas (sociedades). Acho que vai resultar numa análise bastante abrangente e transversal, porque incide sobre como é que, tipicamente, os processos recorrem das suas várias vertentes”, explicou o advogado.
Ainda assim, a flexibilização total da política monetária (menos dois pontos percentuais até setembro de 2025) deverá contribuir para reduzir a tendência de insolvência, especialmente em França e nos EUA – menos quatro pontos percentuais (p.p.) – e aumentar a rentabilidade das empresas (+4 p.p. e +2.8 p.p., respetivamente).
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