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Mais de 30 entidades querem água do Alqueva para o Sudoeste Alentejano e Algarve

Os subscritores consideram que a solução mais adequada para a região do Sudoeste Alentejano e do Algarve Ocidental está na interligação ao Alqueva, via Monte da Rocha, com prolongamento ao Algarve. No total, a solução prevê investimento de 130 milhões de euros e deve na ótica de autarcas, associações e empresas, integrar a estratégia Água que Une, apresentar pelo Governo até ao final do ano.
5 Novembro 2024, 07h30

Autarquias, empresas e associações de produtores e agricultores do sul do país querem “sensibilizar” o Governo para a necessidade de uma interligação que permita trazer água de Alqueva para o Sudoeste do Alentejo e Algarve. É a solução mais adequada à realidade, defendem as três dezenas de subscritores do documento a que o Jornal Económico teve acesso e que é apresentado e assinado esta terça-feira, 5 de novembro, em Odemira.

A solução inclui a modernização dos Perímetros de Rega do Mira, o reforço da Bacia do Alqueva, nomeadamente trazendo do Tejo a água que, em muitos períodos do ano, existe nestas bacias em excesso, seguida da Interligação Alqueva – Mira, no Sudoeste Alentejano – Odelouca, no Algarve, e que já se encontra ligada por túnel ao sistema Funcho – Arade, faltando a interligação à Bravura, também no Algarve.

“Esta solução permite ainda aproveitar um dos maiores reservatórios de água do país, a barragem de Santa Clara, tornando-o no “pulmão” de água capaz de servir estas duas regiões e garantir a sobrevivência destes territórios”, salientam.

Esta interligação, que visa levar a água de onde ela existe, para onde escasseia, deve, segundo autarcas, empresas e associações de produtores e agricultores do Alentejo e do Algarve, integrar a estratégia Água que Une, iniciativa interministerial que deverá ser apresentada até ao final deste ano.

O Sudoeste Alentejano e o Algarve sofrem de seca (já escassez hídrica) há anos e a a generalidade dos modelos climatéricos prevê que a realidade se agrave, devido à redução da precipitação média.

Por esta razão, explicam os subscritores, “apesar da capacidade de armazenamento de água disponível ser elevada, quer na barragem de Santa Clara, quer nas barragens do Algarve, não existem afluências hídricas suficientes para responder às necessidades, pelo que, só a transferência de caudais de outras bacias permite garantir a água necessária aos diferentes usos”.

No total, a solução prevê um investimento da ordem dos 130 milhões de euros e permitirá também “aproveitar um dos maiores reservatórios de água do país, a barragem de Santa Clara, tornando-o no “pulmão” de água capaz de servir estas duas regiões e garantir a sobrevivência destes territórios”.

De forma a racionalizar o investimento, a solução prevê  a instalação de um novo Bloco de Rega perto de Ourique, entre a Barragem do Monte da Rocha e a Barragem de Santa Clara, com cerca de 3.000 ha e consumos hídricos da ordem dos 12 hm3/ano, que “permitirá viabilizar a atividade agrícola, nomeadamente a pecuária extensiva, nesta faixa de território, criando um novo foco de dinamismo agrícola, agropecuário e mesmo industrial”, justifica-se.

Esta solução é proposta no estudo “Interligação Alqueva – Mira: Reforço do abastecimento do Perímetros de Rega do Mira com base em caudais derivados do sistema do Alqueva”, realizado por Jorge Froes para a Lusomorango, apresentado em julho, em Odemira, no sexto colóquio hortofrutícola, uma iniciativa da a associação de pequenos frutos, em parceria com a Católica que tem  o JE como media partner.

O que dizem os autarcas ao Jornal Económico

“Este é um projeto que une e mobiliza a região. Aquilo que se pretende é uma resposta estrutural para a um desafio que une o Algarve e o Alentejo e que se enquadre numa estratégia nacional na gestão e uso da água”, afirma Marcelo Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Ourique, ao Jornal Económico. Segundo o autarca, esta solução permitirá “dar sustentabilidade ao território e garantir as condições para que o mesmo possa agarrar os desafios de desenvolvimento económico e social. É uma questão de coesão e a água é recurso essencial para a coesão e desenvolvimento dos territórios”.

José Gonçalves, presidente Câmara de Aljezur, salienta a adesão das várias entidades das duas regiões ao projeto – “é sinónimo que não existem fronteiras para problemas e desafios comuns, este assunto em particular é de tal importância que exige que as regiões possam disser o que pretendem e ajudar a encontrar soluções, pois é uma questão que diria “de sobrevivência “. Na perspetiva do autarca algarvio, o resultado destas soluções “será fundamental” para os territórios, dado que “nas várias atividades económicas, a água é o elemento comum e essencial para o sucesso e continuidade”.

Idêntica leitura faz Hélder Guerreiro, presidente Câmara de Odemira: “O impacto esperado é a simples garantia de que a economia destes territórios pode continuar a crescer, a encontrar caminhos de desenvolvimento e de sustentabilidade territorial”. Daí a diversidade dos signatários do manifesto. “Não há apenas um setor, são todos os setores que se associam à ideia de que é necessário termos uma solução fiável de fonte de água”.

Reabilitação e melhoria da eficiência do sistema, interligação ao Alqueva, implementação de uma dessalinizadora que sirva a região foram soluções apontadas para resolver o problema da falta de água que está a asfixiar o Sudoesta Alentejano no 6.º Colóquio Hortofrutícola.

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