Os seguros de saúde continuam a crescer de forma expressiva. O aumento do número de pessoas empregadas, muitas delas beneficiando destas proteções, bem como os constrangimentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), deram um forte impulso a estes produtos, tendência que a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) acredita continuará a verificar-se ao longo deste ano.
O segmento da saúde tem contribuído de forma expressiva para as receitas das seguradoras nos últimos anos, e 2024 não foi exceção. Estes seguros foram os que mais cresceram no ano passado entre os vários segmentos do ramo Não Vida, avançando 17,1% para 1,6 mil milhões de euros. Enquanto no caso dos particulares, o crescimento foi de 15,4%, os seguros de grupo – aqueles que as empresas contratam para os seus colaboradores – aumentaram 18,7%.
“A expansão do volume de prémios associado aos seguros de saúde tem ocorrido pela conjugação de dois fatores: o aumento consistente e robusto do número de pessoas seguras e o aumento do prémio médio”, afirma fonte oficial da APS, a associação que representa o setor segurador e que é liderada por José Galamba de Oliveira.
Esta evolução decorre de “uma manifesta e natural aspiração da generalidade dos cidadãos, que se vai revelando e materializando numa crescente integração deste seguro no pacote remuneratório oferecido pelas empresas aos seus trabalhadores ou, simplesmente, numa crescente alocação de recursos do orçamento familiar para a contratação de seguros individuais”, refere ao JE.
Portugal nunca teve tantas pessoas empregadas. De acordo com os dados mais recentes, o país atingiu um novo recorde em novembro de 2024, ultrapassando as 5,1 milhões de pessoas, sendo que muitas delas beneficiam destes seguros. Ao mesmo tempo, o SNS tem vivido tempos turbulentos, com a falta de profissionais a ditar tempos de espera prolongados que levam cada vez mais pessoas a procurarem cuidados de saúde no privado, utilizando os seguros.
Um estudo recente sobre a saúde dos portugueses, da Médis, revelava que “a percentagem de portugueses que depende exclusivamente do SNS caiu de 36% em 2021 para 25% em 2024”, isto numa altura em há uma “perceção de que o SNS enfrenta desafios, nomeadamente no que toca à rapidez no acesso a cuidados de saúde”. De acordo com um inquérito realizado em 2023 pelo Observatório dos Seguros de Saúde, 38,8% dos inquiridos dizem optar por contratar seguros de saúde por sentirem dificuldade de acesso a serviços do SNS.
Perante todos estes fatores, a APS prevê que o aumento do número de pessoas seguras se mantenha este ano. “A expectativa é que ambos os fatores [subida do número de pessoas com seguro de saúde e do prémio médio] continuem presentes em 2025, sendo incerta apenas a sua dimensão”, afirma fonte oficial da associação, contribuindo para que este produto das seguradoras registe outro ano de crescimento.
Preços a subir não travam procura
Há mais pessoas com seguros de saúde – existem mais de quatro milhões de portugueses com esta proteção -, mesmo com o custo a aumentar. O valor que os portugueses pagam para ter acesso a esta proteção também tem subido, por via da inflação mas também pela maior frequência de utilização.
Os dados do Observatório dos Seguros de Saúde mostram que o prémio médio anual passou de 310 euros em 2020 para 363 euros em 2023. Nos primeiros seis meses de 2024, já era de 398 euros, ou seja, um valor médio mensal que ascende a ligeiramente mais de 33 euros.
Apesar do aumento do custo, a APS não vê que isso possa vir a travar o crescimento do número de pessoas com seguro de saúde. “Pelo menos por enquanto, a tendência de aumento do número de pessoas seguras não parece estar em causa”, remata a entidade liderada por Galamba de Oliveira.
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