Por estes dias Wall Street mais parece aquelas barraquinhas das festas populares de verão onde se compra uma rifa e sai sempre prémio, pelo menos assim indicam os cartazes. Só no último mês de negociação nos índices norte-americanos em vinte e uma sessões foram registados catorze novos máximos históricos no S&P500 e só em seis dias é que o principal índice accionista mundial terminou no vermelho.
Na ofensiva dos Bulls é incontornável o papel fulcral do sector tecnológico que ontem deu mais um contributo importante para os ganhos registados de 1,04% no Nasdaq, um comportamento que tem sido comum nos últimos meses com um desempenho em particular das denominadas FAANG, que duplica as valorizações alcançadas pelo abrangente S&P500, e a distância não é maior porque Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon e Facebook valem hoje cerca de 18% do índice que compõe as quinhentas maiores empresas cotadas, uma relação de poder como nunca ocorreu.
Mas se a capitalização desses gigantes tem aumentado substancialmente face ao restante mercado já os resultados não acompanharam o mesmo ritmo, o que coloca as avaliações dessas empresas num patamar de maior risco e quase ao nível de startup no caso da Amazon, que tem agora um Price Earnings Ratio de 84, muito superior à média do S&P500, já de si muito esticada, que é de 18. Com efeito o principal índice está agora com uma avaliação tão cara como no período pré rebentamento da bolha das dot.com e muito superior ao registado antes da crise financeira, quando esse rácio era de 15,8.
Seguunda-feira, e como seria de esperar, o ruído principal no mercado teve a ver com o tema da guerra comercial e um dos tópicos principais foi a decisão dos EUA de retirar a China da lista de países manipuladores de moeda, o que reforça o sentimento de que o conflito comercial aparentemente insanável há bem pouco tempo está agora bem menos crispado, e aparentemente assim continuará pelo menos até às eleições presidenciais de Novembro nos EUA.
Com a chegada ontem do Vice-Premier do Governo chinês a Washington e com a perspectiva da assinatura amanhã do acordo parcial, o sentimento deverá continuar positivo ficando para o final da semana alguma reacção mais concreta dos investidores à qualidade dos resultados que entretanto forem saindo, sendo que esta primeira semana é dominada pelo sector bancário. Os activos refúgio continuaram à mercê da pressão vendedora vergando o Yen e o Ouro a cederem -0,4% e -0,8% para os 109,93 e $1,549 por onça, respectivamente.
O gráfico de hoje é da Jerónimo Martins, o time-frame é mensal.
Os títulos da retalhista portuguesa estão numa lateralização multi-anual que poderá ser quebrada quando o preço sair de fora do canal a azul
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