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Managing partners dos maiores escritórios de advogados portugueses apelam à divulgação de contas

Paula Gomes Freire, da VdA, aproveitou a primeira edição da Advisory Summit do Jornal Económico, para fazer um pedido público de “mais escrutínio e transparência” no sector jurídico. Bruno Ferreira, da PLMJ, acha uma medida “facilmente” implementada caso sejam “acertadas as bases mínimas do que possa dizer”.
16 Julho 2024, 13h32

Os managing partners das três maiores sociedades de advogados portuguesas fizeram esta quarta-feira um apelo público à transparência na divulgação dos resultados financeiros dos escritórios de advocacia. Paula Gomes Freire, da Vieira de Almeida (VdA), aproveitou a primeira edição da Advisory Summit, organizada pelo Jornal Económico (JE), para dar o mote e pedir “mais escrutínio e transparência” no sector jurídico.

Bruno Ferreira, da PLMJ, admitiu que é um tema discutido internamente “há bastante tempo” e concordou que seria uma medida “facilmente” implementada caso sejam “acertadas as bases mínimas do que possa dizer”. Já Martim Krupenski, da Morais Leitão (ML), refugiou-se no facto de estar neste cargo de gestão há apenas dez dias, portanto “ainda não pensou muito sobre o assunto”, embora se mostre a favor dessa transparência.

“Para ser totalmente franco, sou um grande adepto da transparência da informação, quer interna quer externa. Sou muito anglo-saxónico neste aspeto. As sociedades não têm nada a esconder e têm as contas mais transparentes e auditadas do mercado. Acho que, como dizia alguém num painel anterior, às vezes as pessoas estão muito mal preparadas para saber ler e interpretar essa informação, portanto, acho que é preciso algum cuidado”, explicou Martim Krupenski.

A managing partner da VdA vai mais além e invoca mesmo a uma divulgação “pública e harmonizada” das contas de todas as firmas. “Também temos um papel de uma realidade que puxe por um Portugal mais transparente”, justificou Paula Gomes Freire, no painel “The Managing Partner’s Perspective” (“A perspetiva dos Managing Partners”).

Nesta sessão final da Advisory Summit 2024, a tecnologia e o talento foram igualmente debatidos. O managing partner PLMJ esclareceu que a sociedade com sede na Avenida Fontes Pereira de Melo está a “misturar uma estratégia de investimentos diversos e conversas com os clientes para cocriação de produtos inovadores”, que possam não só ser utilizados internamente na sociedade como por essas empresas.

Bruno Ferreira fez ainda comparações sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) nos contratos em branco e na construção de emails com o apoio do Copilot (Microsoft) e assinalou a importância dos prompts bem definidos. Ou seja, o quão necessário é fazer uma pergunta ou lançar uma mensagem para os chatbots o mais detalhadas possível para obter a resposta desejada.

Contextualizando que a advocacia vive num “momento definidor” e de “encruzilhada”, com novos concorrentes estrangeiros e também “de outra natureza”, referindo-se aos outros players, a managing partner da VdA fez referência a uma “transformação marcante, digital e não só”. Na visão de Paula Gomes Freire, a IA é “fabulosa” para os advogados, porque “dá superpoderes”, mas um “desafio enorme” para as sociedades de advogados, nomeadamente no modelo de pricing.

O preçário neste contexto de digitalização é um tópico quente para o managing partner da ML. Martim Krupenski foi pragmático: “Por mim, a ML abandonava o modelo hora [pagamento dos honorários] a partir de hoje, porque promove e ineficiência. Os clientes é que não estão preparados. Prefiro um modelo em que o cliente veja o valor que estou a acrescentar e depois nos deixe gerir essa eficiência”, argumentou, durante uma conversa sobre o “choque geracional” dentro das firmas de advogados, moderada por Filipe Alves, diretor do Jornal Económico e publisher do grupo Media Nove.

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