No Líbano – país envolvido numa profunda crise política e económica que as explosões de agosto do ano passado colocaram ainda mais em evidência – várias dezenas de manifestantes bloquearam os acessos por estrada à capital, Beirute, como forma de mostrarem a sua indignação pelo impasse que os dirigentes do país não conseguem ultrapassar.
As manifestações causaram congestionamentos – nomeadamente no sector da saúde, com alguns hospitais a reportarem falhas no abastecimento de oxigénio para os doentes com Covid-19. As manifestações desta segunda-feira sucedem-se a outras iniciativas semelhantes levadas a cabo nos últimos dias – e surgem como resposta à mais imediata desvalorização da moeda (com uma inflação galopante) e às disputas políticas entre grupos rivais, que atrasaram a formação de um novo governo.
Citado pelos jornais, o presidente Michel Aoun criticou as manifestações, chamando-lhes “atos organizados de sabotagem que visam minar a estabilidade do país”. E acrescentou que o exército e a polícia “devem cumprir plenamente as suas funções e fazer cumprir a lei sem hesitação” – o quer dizer que as forças de segurança terão ordens para endurecer as suas posições.
As manifestações começaram às primeiras horas da manhã, com pequenos grupos de manifestantes a bloquearem as entradas sul, norte e leste de Beirute com pneus em chamas e veículos a cortar a passagem. Os soldados abriram algumas estradas, mas os manifestantes regressaram e voltaram a bloqueá-las.
Na vila de Abbasiyeh, ao sul do Líbaro, há notícia de um homem que se regou com gasolina e tentou incendiar-se como forma de protesto, mas as forças de segurança intervieram a tempo de o impedir.
Dezenas de milhares de pessoas perderam os empregos no ano passado no meio da maior crise económica em décadas. De acordo com o Banco Mundial, a crise pode levar mais da metade da população do Líbano à pobreza.
No passado sábado, o primeiro-ministro interino, Hassan Diab, advertiu que o país está a caminhar rapidamente para o caos e apelou aos políticos para colocarem de lado o que os separa e formarem um novo governo que possa atrair a ajuda externa desesperadamente necessária. A ajuda externa – nomeadamente a francesa – está à espera de conseguir algumas garantias de que o financiamento externo não segue o tradicional trilho da corrupção.
Em outubro, o ex-primeiro-ministro Saad Hariri foi incumbido de formar um novo gabinete, mas, cinco meses depois, desentendimentos com Michel Aoun impediram que isso sucedesse.
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